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Editorial: Contrastes do desenvolvimento

A cidade vive um contraste histórico, comparado apenas a grandes centros do país, onde riqueza e miséria se dividem apenas por ruas ou avenidas

A divulgação, na semana passada, de que o setor industrial de Três Lagoas obteve recuperação do volume de contratações – embora pequeno, com saldo de apenas 40 vagas – e de que o volume de exportações, em outubro, teve saldo superior a US$ 93 milhões, confirmam que a cidade vive, hoje, um contraste histórico, comparado apenas a grandes centros do país, onde riqueza e miséria se dividem apenas por ruas ou avenidas.

Está bem claro e definido neste quadro que a cidade esbanja capacidade de manutenção de seus empregos e de geração  de vendas ao exterior, notadamente pela indústria de papel e celulose, enquanto que a maioria dos 5.5 mil municípios brasileiros anda à míngua, com desemprego e desilusões de seus parques industriais. 

Contudo, dois fatores importantes precisam ser colocados na matemática que deveria apresentar sempre resultado positivo: levantamentos da respeitosa revista Exame e o potencial ainda a ser ocupado pelas empresas instaladas na cidade. 

Uma publicação da revista, feita com base em dados oficiais do governo, mostra as 50 cidades até 50 mil habitantes mais desenvolvidas do país. Neste, Três Lagoas não se encaixa porque sua população supera aos 113 mil habitantes. Mas, no segundo, sim. 

Entre as 50 cidades brasileiras mais desenvolvidas e, portanto, com potencial para atração para investidores, a cidade também não aparece. Aliás, apenas a capital Campo Grande está na lista, além da 35ª colocação. 

Não se trata de aventar os critérios usados para a elaboração das listas, aplicados pela revista. Nem de considerar se os melhores indicadores do IBGE, por exemplo, foram usados. O fato que faz brilhar a ausência de Três Lagoas é que a cidade não sabe aproveitar o potencial que tem nem mesmo para atuar junto a investidores – tarefa evidentemente fácil diante dos bons números que os setores produtivos oferecem. O problema é de ordem de gestão, administração e empenho político. 

Não há, porém, fórmula definitiva, única ou mágica que possa fazer o nome de Três Lagoas florescer aos olhos de grupos empresariais. Entretanto, um mínimo poderia ser feito. A contratação de escritórios de representação internacional, que atuem no meio empresarial do país, seria uma boa alternativa. 

O maior trabalho de uma empresa assim seria esconder que em Três Lagoas não tem infraestrutura básica suficiente,     que quase a metade da cidade vive com trechos alagados após chuvas, o transporte urbano de passageiros é falho e que falta até quem represente a administração pública além dos limites da cidade. 

A sugestão de interligar dados oficiais com uma campanha de marketing sofre apenas este desafio: o de maquiar uma realidade vivida nos bairros e que grita por equiparação com o poder existente em seu parque industrial por qualidade de vida de seus moradores.