A região da Costa Leste do Estado de Mato Grosso do Sul possui um número considerável de políticos eleitos em duas esferas importantes do Poder Legislativo. A Assembleia Legislativa e o Senado, em um total de três representantes diretos, fora outros que, invariavelmente, aparecem mais pelas cidades em épocas de eleição. Isto revela, entre outras coisas, que a região ainda carece de representantes na Câmara dos Deputados para fechar um ciclo de postulantes por suas demandas e de defensores de suas pautas.
Para não perder o foco de um item desta questão, é imperioso lembrar que dezenas de candidatos passaram pelas cidades da região nas eleições anteriores, prometendo mundos e fundos em busca de votos e de apoio político. E, como sempre ocorre, desapareceram daqui após confirmarem vitória nas urnas. Aparecem, quando muito, em épocas de aniversário das cidades, em visitas de autoridades do Poder Executivo e em chances de ganhar uns minutos a mais de fama, até em episódios de desgraça e infortúnio.
Esta garimpagem de votos, executada pelos candidatos forasteiros, é prática cartilhada da política nacional. Parece ter sido incluída numa imaginária Cartilha Caminho Suave para a eleição! Em todo o País é comum candidatos de fora se misturarem a políticos e lideranças locais para criar uma imagem de que fazem parte da sociedade. Vão a eventos, assistem a partidas de futebol, compram rifas e fazem discursos apaixonados, como se o umbigo estivesse enterrado à porta. Tudo conversa fiada. Depois de eleitos, somem, dão as costas às autoridades e aos eleitores.
Outra prática comum é ver forasteiros abraçados a políticos oportunistas – aqueles que “vendem apoio” e fazem de conta que conhecem um fulano de tal desde criancinha e que assinam sem ler tudo o que o dito cujo falar.
Combater mais esse mal da política brasileira é o mesmo que tentar exterminar tiririca – aquela erva daninha que dá em tudo o que é pedaço de terra e até mesmo em frestas de concreto e de asfalto. Mas, é uma luta que cabe ao eleitor enfrentar, buscando impedir que forasteiros continuem impedindo que cidades da região sigam sem preencher o ciclo de sua representatividade no Pode Legislativo, como agora. Eles tiram votos de candidatos realmente identificados, que poderiam atuar na Câmara, Assembleia e Senado com autenticidade e genuinamente defensores dos interesses das cidades – o que não ocorre com quem pede votos a Deus e ao diabo.
O leitor mais atento certamente se lembrará que a saída para isto seria a criação da eleição distrital de parlamentares em geral, o que limitaria às regiões administrativas dos Estados a eleição de seus representantes. Também não pode se esquecer que foram os mesmos políticos que barraram esta mudança, na recente minirreforma eleitoral votada na Câmara e no Senado.
Então, não resta nenhuma outra alternativa senão rejeitar forasteiros durante as campanhas eleitorais e dar preferência aos postulantes regionais. Afinal, será mais fácil cobrar deles um trabalho sério, após eleitos. Enquanto os de fora nem sequer são encontrados em gabinetes.
Por ora, e ainda distante das eleições nacionais, não há nenhum outro trabalho além deste editorial que possa alertar o eleitor. Contudo, não é possível deixar que o tempo passe e que os arranjos partidários possam incluir esta prática indesejada. É sim preciso discutir a questão agora, a pouco mais de um ano das eleições municipais e quando começa a ser desenhado o cenário político estadual. Escolher bem agora é predicado para não errar no futuro e não comprometer – ainda mais – os interesses da região.