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Editorial: Mania de brasileiro

Governos poderiam tomar como exemplo iniciativas do setor privado

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Brasileiro tem o costume de deixar tudo para a última hora. Muitos até se orgulham dessa característica, que de qualidade tem quase nada. Esse costume do brasileiro de achar que vai dar tempo reflete em praticamente tudo, desde filas – seja em bancos e lotéricas – a até o serviço público.

Governados por brasileiros, os poderes executivos das três esferas (Municipal, Estadual e Federal) também refletem essa conduta. O Brasil viu os reflexos dela recentemente, quando deu início ao mundial de futebol com muitas obras ainda em fase de finalização, outras abandonadas pelo caminho. Recentemente, para completar o sentimento de incapacidade, a Rússia, que será o país sede da próxima Copa, inaugurou o primeiro estádio para o mundial. O prazo? Quatro anos adiantado.

No entanto, não é só na esfera nacional que essa conduta predomina. Em Três Lagoas, o mais recente dessa conduta foi o do Aeroporto Municipal Plínio Alarcon.

Alerta foi dado em junho pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a prefeitura esperou passar dos 45 minutos do segundo tempo para tomar providências sobre as falhas detectadas no aeroporto no que refere-se à sistema de combate à incêndio. O motivoprincipal, entre outros detalhes não divulgados pela prefeitura, foi a falta de uma espuma específica para o combate à incêndios, exigida pela Anac. O resultado dessa inércia foi a suspensão dos voos comerciais das duas companhias aéreas que operam na cidade por cinco dias e dezenas e dezenas de passageiros insatisfeitos. No entanto, o executivo mostrou que, quando necessário, é possível ser ágil. Dias depois a interdição – e um jogo de empurra- empurra entre município e Estado o problema estava resolvido. A pergunta que se faz é, porque não se antecipar-se a tudo isso?

Vemos casos semelhantes a este todos os dias. Desde o contorno ferroviário, que sofreu atraso de anos, por falta dos trilhos – não inseridos no processo de licitação. O próprio Hospital Universitário, que, em cima da hora, teve seu projeto transferido para outro terreno pela falta de confirmação de doação da área por parte da Companhia Energética de São Paulo. O resultado foi que uma nova licitação teve de ser aberta, recentemente, e a obra, uma das mais aguardadas pelos três-lagoenses, agora deve ser iniciada apenas após as eleições. O detalhe é que a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) já havia previsto esse problema da área e não pensou duas vezes ao migrar a construção do prédio da Faculdade de Medicina para dentro do câmpus II, na avenida Ranulpho Marques Leal.

Bem que os governos poderiam tomar como exemplo muitas iniciativas do setor privado. Hoje, muitas empresas dão exemplo de gestão por todo o Brasil e mostra que é possível fazer com que o país deixe de ser o lugar onde tudo é resolvido no último dia. É claro que para isso, além do desejo de agilidade, é preciso reduzir, e muito, a burocracia hoje existente.