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Editorial: Meio Ambiente em último lugar

A prova disso é o tratamento que temos dados às nossas três lagoas

Embora a situação tenha mudado significativamente nos últimos anos, questões ambientais ainda estão longe de ter o tratamento e a importância que merecem. Em Três Lagoas, não é diferente. A prova disso é o tratamento que temos dados às nossas três lagoas.

Pouco se fala, e muito menos ainda se faz, para a preservação ambiental desse patrimônio natural que deu nome ao nosso município. A principal delas, a Lagoa Maior, ainda recebe dejetos de esgoto clandestinos e as outras duas, são lembradas somente quando moradores reclamam da quantidade de lixo lançada em suas águas ou da alta incidência de incêndios em seu entorno.

A discussão sobre a necessidade de se preservar esses patrimônios ganha espaço de tempos em tempos, e, infelizmente, não saem do diálogo. Na gestão da ex-prefeita Simone Tebet foi iniciado um estudo para implantar o Parque das Três Lagoas, projeto milionário que garantiria a preservação desses patrimônios e a criação de novos espaços de lazer através de recursos mitigadores pela instalação da Usina Termelétrica Luiz Carlos Prestes, da Petrobras. O projeto seria desenvolvido em parceria com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e Secretaria Estadual de Meio Ambiente. O projeto não prosperou, na época, por questões técnicas: para a criação de um parque, todas as lagoas precisariam estar ‘intactas’, sem a ação do homem, o que já não ocorre com a Lagoa Maior.

Em seguida, veio a intenção de transformar as lagoas em monumentos naturais, projeto este viável, mas que pouco caminhou neste últimos oito anos. O que fica claro a falta de iniciativa política para fazer com que esse projeto torne-se realidade.

No começo desse ano, o então secretário de Meio Ambiente Jurandir da Cunha Viana havia anunciado, ainda para o primeiro semestre uma audiência pública para tratar desse assunto junto à população. O semestre acabou. A audiência não veio e hoje nem mesmo secretário de Meio Ambiente há em Três Lagoas, depois que “Nuna”, como é conhecido, deixou o cargo para reassumir a sua cadeira na Câmara de Vereadores após divergências com a administração municipal – o vereador foi contra a exoneração do ex-secretário de Educação, Mário Grespan.

Não se trata somente uma nomenclatura. Transformar as lagoas em monumentos garantiria que esses patrimônios naturais da cidade recebessem recursos federais, estaduais ou até mesmo da iniciativa privada, para a conservação de sua fauna e flora.

Enquanto o projeto não é implantado, Três Lagoas continua com o risco frequente de ver aplicado em outros municípios os recursos provenientes de obras mitigadoras de indústrias que por aqui se instalaram e que aqui causaram o impacto ambiental.

No passado, o Ministério Público Estadual, através da Curadoria do Meio Ambiente, teve que interferir para garantir que o recurso permanece em Três Lagoas e, posteriormente, foi investido no Parque do Pombo.

Mais recentemente, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) teve que fazer um chamamento das autoridades públicas de Três Lagoas para que se apresentasse projetos para receber os recursos mitigadores as empresas Eldorado Brasil, Fibria e Cargill, que vão expandir suas fábricas em Três Lagoas. A cidade, alertou o Imasul, corre o risco de perder esses recursos por falta de interessados, o que parece inconcebível em um município que tanto carece de investimentos neste sentido.

Por isso, é de extrema importância que seja retomada a discussão para transformar essas lagoas em monumento de preservação ambiental. Recursos não faltam para desenvolver projetos nessas áreas.