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Editorial: Que venham os chineses !

Impostos das usinas de Jupiá e Ilha Solteira representa um vitória para o Mato Grosso do Sul

Se confirmadas as informações reveladas nesta semana de que a gigante chinesa China Three Gorges vai recolher impostos da operação das usinas Jupiá e Ilha Solteira, respectivamente, às prefeituras de Três Lagoas e Selvíria, será uma vitória ao Estado de Mato Grosso do Sul e uma notícia que surge com atraso de quase 30 anos. Mas, bem-vinda, é claro.
A decisão dos chineses, contudo, não é tomada por temor da suposta ameaça de que a prefeitura três-lagoense pode processar a empresa caso os recolhimentos sejam mantidos à Prefeitura de Castilho, como fez a moribunda Cesp. Nem porque chineses são bonzinhos ou tolos. 
Ao desembarcar no Brasil, em 2013, para a aquisição de cinco hidrelétricas – sem contar as duas de agora – e 11 parques eólicos, a CTG trouxe na bagagem uma forma diferente da brasileira de tocar negócios público-privados. Em todos os contratos e obrigações assumidas com o governo, a empresa primou por seguir a legislação do país, sem nenhum jeitinho, atalho ou benefício – práticas que empresas brasileiras fizeram espalhar a fama do país de ser um dos mais corruptos do mundo.
Em publicações que tem feito sobre seu modus operandi de abocanhar o mercado energético do país, a CTG tem demonstrado que não está aqui para brincadeiras e nem com necessidade de corromper políticos ou gerentes de estatais para conseguir seus contratos. 
Ao bater o martelo no valor ofertado pelas 29 usinas leiloadas em novembro do ano passado, no pacote com Jupiá e Ilha Solteira, a gigante chinesa ainda deixou claro que não pagaria ágio e nem pediria deságio. O que se pediu, pagou.
E quais outras lições a indústria nacional tira disto? Uma é de que não é preciso forçar a porta para entrar em um país prestes a consolidar sua condição de potência econômica, embora, viva um solavanco sem precedentes decorrente da irresponsabilidade e do desejo de perpetuação no poder de um partido inconsequente para alcançar seus objetivos. Não faltaram empresários brasileiros que prospectaram obras em países miseráveis da África, há alguns anos, com dinheiro público do Brasil e com ajuda de políticos ligados ao partido do governo federal. Para tanto, não pensaram duas vezes para, também, corromperam africanos e portugueses envolvidos nas negociações.
Outra lição é de que o avanço para o mercado mundial exige intrepidez. Não há espaço para fanfarrões do tipo Eike Batista. 
Esta negociação das usinas, contudo, não é só de alegrias e de boas lições. Há também um lado tristonho e um aprendizado que o país não pode esquecer-se jamais: o dinheiro obtido com esta concessão vai inteirinho para cobertura das pedaladas fiscais do governo Dilma, porque faz parte do pacote de mais de R$ 70 bilhões que o governo usou indevidamente, no orçamento do ano passado; também não há como esquecer de que errou na aplicação de modelos econômicos anteriormente quando, inclusive, utilizaram dinheiro do BNDES para financiar as concessões e privatizações para empresas de compradores. O Brasil pagou primeiro para receber e depois para entregar o seu patrimônio para  ser explorado.
Uma terceira lição é a de que o Estado não pode mais fazer parte da economia como agente – caso específico da sociedade majoritária do governo paulista na Cesp. O próprio governo de São Paulo contribuiu para a quebra da sua empresa de energia ao não aplicar gestão empresarial ao negócio. Fosse assim, a Cesp seria uma potência nacional de energia como é o caso de Furnas em Minas Gerais. Explorou por décadas um setor tão rico e lucrativo, mas não se sustentou no negócio. Além do mais, suas práticas prejudicaram Mato Grosso do Sul.