A direção da Universidade Federal em Três Lagoas e os seus docentes acalentam há muito tempo transformar o Centro Universitário da cidade os outros núcleos da região em universidade autônoma. Os defensores da iniciativa alegam que uma universidade assim proporcionará a instalação de mais cursos, os quais ampliarão novas oportunidades no mundo do conhecimento e de graduação para a juventude estudiosa aqui residente e de toda esta vasta região do Bolsão Sul Mato-grossense, além das cidades circunvizinhas do Estado de São Paulo.
Inquestionavelmente, os benefícios são inumeráveis, sequer precisam ser elencados. Basta sopesar os benefícios que a instalação da Faculdade de Medicina, que ontem teve o seu prédio escola inaugurado, proporcionará em serviços brevemente para os moradores das cidades da região e as próximas do Estado de São Paulo. Três Lagoas em um futuro breve será um polo de atendimento médico hospitalar de excelência. E, os seus efeitos serão percebidos com o apoio dos hospitais Auxiliadora e Cassems, além do hospital escola, já denominado de Regional, que em breve deverá entrar em fase de construção, segundo anúncio do governo estadual.
Embora, a torcida seja generalizada para que haja o desmembramento do ensino universitário da UFMS como ocorreu com o núcleo de Dourados, que se transformou em Universidade Federal da Grande Dourados, paira em tempos de grave crise econômica no país, que também atropela a educação entre tantos outros setores, a seguinte pergunta: estabelecida a autonomia administrativa e financeira da nova universidade, seriam os recursos orçamentários destacados do orçamento da UFMS, como informam os defensores da ideia, suficientes para garantir o seu pleno funcionamento, sem prejuízo das atividades curriculares, além de outras afins?
O funcionamento e manutenção de prédios e serviços e tudo mais para o seu amplo desenvolvimento, sem considerar a crise financeira que assola o ensino universitário no país, comprometeria ou não essa autonomia? Ora, se estamos em época de otimizar gastos, serviços, cortar despesas, além da adoção de incontáveis medidas de enxugamento de custos, seria este o momento econômico com um orçamento federal deficitário, que impacta severamente o setor educacional público para desmembrarmos os núcleos universitários da UFMS do Bolsão criando uma nova estrutura e quem sabe, mais dispendiosa? Então, diante deste quadro, surge outra pergunta:
Por que os defensores da ideia querem a autonomia administrativa da UFMS criando mais uma universidade já, quando se sabe ser muito mais fácil estabelecer em um processo gradativo no orçamento universitário com previsão de novos cursos e melhoria do ensino, além do incremento de cursos já existentes garantindo melhoria na capacitação e graduação, quesitos que aprimoram a qualificação dos mestres que ministram aulas para a formação dos seus alunos?
Em Três Lagoas há professores universitários comprometidos com atividades de extensão e de atuação junto a comunidade, mas o que se percebe é que o núcleo da UFMS aqui instalado poderia participar mais da vida da comunidade três-lagoense, contribuindo intelectualmente com o município ou até mesmo setores carentes para melhor se planejar atividades e programas estruturais nestes tempos de desenvolvimento quase desenfreado em uma cidade que representa um oásis de oportunidades diante de milhares de outras do nosso país em crise. A ideia da universidade autônoma de Três Lagoas é boa, mas seria oportuna e viável no presente quadro deficitário do orçamento da União, que atinge diretamente a educação?