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Educação mais democrática

Recentemente, dois ícones da educação norte-americana – a Universidade de Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) – anunciaram um investimento de 60 milhões de dólares para oferecer cursos pela internet. Outras grandes universidades, como Stanford, Yale e Carnegie Mellow, e a própria Universidade de São Paulo (USP), já oferecem opções de ensino à distância (EaD). O diretor de Stanford definiu, no New York Times, o momento como “um tsunami se aproximando.”

O processo já se configura como irreversível. O EaD, principalmente com o uso da internet, democratiza a educação, levando o conhecimento ministrado nos grandes centros às regiões periféricas. Não há mais, portanto, grandes parâmetros físicos que possam atrapalhar o acesso às aulas, como a quantidade de alunos por sala ou a distância entre a moradia e a universidade.

Mas ainda existem muitas dúvidas em relação ao processo ensino-aprendizagem. Até que ponto o computador pode substituir a figura do professor? A navegação na internet substitui a leitura de livros? Estudar sem a obrigatoriedade de horários rígidos não prejudica o desempenho do aluno? Pesquisas avaliam que os resultados da aprendizagem online sugerem que o EaD é tão eficaz quanto o ensino presencial. Estudo realizado pelo Instituto Nacional Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep) com base no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) mostra que alunos de EaD tiram as mesmas notas que seus colegas das aulas presenciais. O estudo analisa alunos universitários de características semelhantes e conclui que não há grande variação no resultado. Nos Estados Unidos, a conclusão foi semelhante, revelando ainda que os alunos se dedicam mais às atividades online que nas presenciais.

O fato é que o EaD veio para ficar. O ensino à distância dá a milhões de estudantes acesso aos melhores professores do mundo. Os custos são mais reduzidos, o que favorece o surgimento de novos modelos de cursos a cada ano e não deteriora o bolso do aluno. A EaD pode ser ainda um caminho para a recuperação da educação no Brasil, já que, hoje, muitos alunos estão mais atualizados que os próprios professores. Acompanhando essa tendência, o CIEE oferece gratuitamente em seu portal (www.ciee.org.br) 35 cursos online para o aperfeiçoamento dos estudantes, visando uma melhor formação para o mercado de trabalho. De 2005 até hoje, quase 2 milhões de matrículas já foram realizadas. 
 
* Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.