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Educar vai além de punir

A Universidade de Brasília mais uma vez é chamada para solucionar os problemas de nossa sociedade. Trotes que há anos eram percebidos como normais são questionados, não se aceita mais sua violência, e Brasília pede que a Universidade aponte um novo rumo.

De clamores por punições exemplares a pedidos de tolerância, a comunidade acadêmica discute o que fazer. Sem receios de participar desse debate, a Administração da UnB reitera suas convicções.

Para nós, é pressuposto da solução que ela seja democrática. Encaminhamos ao CONSUNI projeto de norma de convivência, precedida de amplo debate. Também é fundamental para a solução que ela transforme e integre a comunidade. Seu principal objetivo é convencer as pessoas a mudarem, muito mais do que puni-las.

Sim, a violência será reprimida: as punições estão previstas no estatuto disciplinar. Mas, para além delas, temos que entender como mudar não apenas os agressores, mas construir uma sociedade menos violenta. Para tal, persuasão e convencimento são ferramentas mais eficazes.

Foi por convencimento que os alunos da UnB, em sua esmagadora maioria, já transformaram o trote em atividade solidária. Em mais de cem cursos, a recepção aos calouros é permeada de paz e alegria.

Nossos estudantes são orgulho de nossa comunidade e, para cada relato de cena reprovável no qual não se identificam os agressores, conhecemos centenas de histórias de superação que eles nos contam pessoalmente. É com eles, e não contra eles, que vamos continuar mudando a sociedade brasileira para melhor.

(*) Davi Monteiro Diniz é professor adjunto de Faculdade de Direito e chefe de gabinete do reitor da Universidade de Brasília. É também procurador federal da Advocacia-Geral da União-AGU. Possui doutorado e mestrado em Direito Empresarial pela Universidade Federal de Minas Gerais.