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Voto

Eleição insossa, insípida e inodora

Eleitor vê o título como instrumento de oportunidade para incrementar mudanças para exercício da representação popular

 - Divulgação/Apaulista
- Divulgação/Apaulista

Há muitíssimos anos não se vê um período de campanha eleitoral sem sal nem açúcar, cheiro ou gosto cívico. No período que precede o dia das eleições é quando surge o debate acalorado, seja ele em torno de ideias ou de nomes de candidatos. Quem empolga? Qual candidato apresenta a melhor proposta, seja para o executivo como para o legislativo? 

Uma coisa é certa: eleitores terão de comparecer às urnas obrigatoriamente, porque quem não votar ou justificar a ausência está sujeito às penalidades da Justiça Eleitoral. O título de eleitor é pré-requisito para se completar extenso rol de documentos quando solicitados, em vez de habilitar os cidadão para uma boa escolha. Por isso, o eleitor vê o título como instrumento de oportunidade para incrementar mudanças para exercício da representação popular. 

Os rigores impostos para a campanha, ao menos aparentemente, inibiu o esbanjamento econômico. Mesmo assim, candidatos dizem que não escapam de pedidos de eleitores, expostos em um balcão licencioso. Há comentários de que, mesmo havendo limitações de gastos, não falta eleitor pedindo dinheiro, vagas de emprego etc. Insistem em se ver na folha de pagamento da estrutura montada pelo candidato ou partido. As histórias são mais tristes quando contadas na esteira da banalização do voto. Um cabo eleitoral contou, outro dia, que nunca havia ouvido tanta notícia de morte de parentes em outras cidades anunciadas por eleitores que procuravam o seu candidato para pedir gasolina  para ir ao enterro. Fora a ameaça de procurar outro candidato. 

Mais um exemplo de como o eleitor mal formado, sem consciência da força do voto, que não acredita no que pode e no que é capaz de proporcionar como contribuição que pode dar à promoção de mudanças que o atual quadro exige na política municipal para não falar do que tristemente se vê no cenário nacional. 

Olhando para partidos constata-se que não estão preocupados com qualificação intelectual. E entre candidatos percebe-se que um grande contingente está mais preocupado com o salário e benesses do cargo. 

A falta de propostas de candidatos, principalmente, para o Poder Legislativo é gritante. Trocaram o discurso político fundamentado na luta por uma cidade melhor pelo tapinha nas costas, pelo compadrio, parentesco, amizade e por aí a fora. Triste constatação. 

A culpa, entre muitos, recai sobre gente qualificada que não quer se envolver na vida pública da cidade, Estado ou país. Faltam exatamente oito dias para o dia das eleições e não se viu e nem ouviu até hoje, não só em Três Lagoas,  mas na maioria das cidades brasileiras o debate político que promove e eleva a disputa e que acena para mudanças de condutas na vida pública dos municípios brasileiros. Se antes faziam uma farra de campanha no período eleitoral com dinheiro que não se sabia vindo de onde, hoje vemos uma campanha eleitoral sem sal e nem doce, sem cheiro e nem gosto, que deveria estabelecer no seio da sociedade o debate que engrandece e acena com perspectivas de novas práticas no exercício da atividade política e administrativa da cidade.