* Levi Ceregato é presidente nacional da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf)
Vamos ter baixo crescimento ou nova queda de produção neste ano? Sim. Insistimos em manter um patamar de investimento robusto frente a um mercado interno fortemente tomado por produtos importados a preços penalizados pelas altas cargas fiscais e trabalhistas internas? Sim. O empreendedor gráfico é um sofredor? Não. A inquebrantável motivação do setor ancora-se na sua visão de futuro.
Muito além de virtudes como habilidade de gestão, excelência técnica, meticulosidade e capacidade de negociação, o que define o potencial de crescimento de um negócio ou setor é um componente intangível, difuso, resultado de análise, intuição e crença no sucesso. É esse componente imaterial que permite abstrair dificuldades e projetar oportunidades, antecipando-se a elas. Em outras palavras, o verdadeiro empreendedorismo é prerrogativa de quem se permite caminhar pelo futuro. Ou, nas palavras do guru austríaco Peter Drucker, professor universitário e autor de mais de trinta títulos sobre gestão, “a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”.
Os empresários do setor gráfico brasileiro demonstraram recentemente que são caminhantes bem adestrados na arte de percorrer estradas ainda não abertas. A mais recente evidência dessa capacidade foi a criação do Grupo de Líderes da Indústria Gráfica, que reúne entidades de classe e empresas da cadeia produtiva da impressão.
Colocando-se além das dificuldades imediatas de mercado, impostas pelo baixo desenvolvimento da economia, o ingrediente motivador da união dessas quase 90 associações e empresas de equipamentos, insumos e impressão é a perspectiva de o Brasil ser alçado à condição de oitavo maior mercado gráfico mundial em 2017, de acordo com estudo da Unidade de Inteligência da revista inglesa The Economist.
Ainda segundo esse estudo, que envolveu levantamentos em 51 países, o setor gráfico irá movimentar US$ 668 bilhões, dos quais US$ 20 bilhões serão impulsionados pelo mercado brasileiro. Embalagens, rótulos, etiquetas e revistas serão os carros chefes desse consumo. Bônus de crescimento estão previstos também para jornais, guias, folhetos, malas diretas, catálogos e livros.
Apesar das altas cifras, a indústria gráfica brasileira sabe que precisa estabelecer novos patamares de produtividade e competitividade. Quem apenas esperar pelos dias melhores dificilmente usufruirá deles.
Precisamos aprimorar nossa inteligência competitiva. A capacidade de aproveitar as sinergias dos vários segmentos da cadeia de impressão aponta um caminho promissor para o estabelecimento de estratégias mercadológicas conjuntas.
Captar e organizar informações que hoje estão fragmentadas e transformá-las em subsídios consistentes para a tomada de decisões, compreender o movimento das “borboletas” com potencial para desencadear tufões no nosso mercado e combater as restrições de negócios, dimensionar oportunidades e redirecionar o foco de atuação são alguns exemplos dos benefícios que podem advir de iniciativas como esse Grupo de Líderes.
Se é impossível (e até indesejável) controlar todas as variáveis de uma situação, influenciá-las positivamente é mais do que mera possibilidade: é um compromisso com o fortalecimento das indústrias do setor, cujo crescimento é sinônimo também de mais impostos, mais empregos, mais futuro!