A geração de energia eólica, pelo vento, ou voltaica, pela força do Sol, eram anseios da ciência para desenvolvimento de tecnologias que pudessem transformar a potência dos elementos naturais em solução para, por exemplo, levar o benefício da eletricidade a locais onde as redes das hidrelétricas ou das usinas nucleares não poderiam chegar sem investimentos vultuosos. Eram, também, o aproveitamento do que já se tem em abundância sem necessidade de alterar o meio ambiente nem sacrificar vidas ou gastar montanhas de dinheiro. Mas, agora, com tecnologias e meios desenvolvidos, as descobertas parecem ficar distantes de quem mais esperava por elas: os que pagam a conta de luz no final do mês.
A pretensa ideia de sobretaxar a geração de energia natural, incluída em um projeto em andamento dentro do governo federal e de uma proposta parlamentar que tramita em comissões da Câmara dos Deputados, jogam por terra outro princípio dos anos de estudo: o barateamento do custo da geração de energia – só por esse aspecto, o empenho da ciência já se torna louvável, além dos outros benefícios das alternativas de abastecimento de eletricidade do país.
A proposta de cobrança de royalties sobre a “utilização” do Sol e do vento como fontes geradoras de energia transcende o ridículo e o absurdo. Mas, precisa ser avaliada para ser mostrada como o é. De outro jeito corre o risco de ser aprovada porque carrega como pano de fundo o atraso de desenvolvimento de estados do Nordeste, os maiores “fornecedores” de raios solares e de ventos do país.
Com a possível sobretaxação, como ficariam, por exemplo, investimentos feitos por empresários sul-mato-grossenses que investiram na instalação de placas solares? Em Três Lagoas há dois projetos de grande porte em estudo pela iniciativa privada e outros vários por setores públicos. Em Andradina, um investimento milionário transformou um estacionamento em uma usina de energia e em Castilho parte de uma fazenda pode ser transformada em polo gerador de eletricidade. São investimentos que visam lucro, mas que também miram a preservação da natureza e o aproveitamento de suas riquezas de maneira limpa.
Essas descobertas científicas e tecnológicas precisam ser limpas, principalmente, de obstáculos.