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Opinião

Esforço macumonado

As propostas de desenvolvimento e modernização no Brasil e nos países de mesma categoria de subdesenvolvimento enfrentam-se com a dificuldade de identificar o "certo" e "errado", a "determinação" e "aposta", ou o "melhor" e "pior". O que é viável para uns soa absurdo para outros.

Por isso, a elasticidade de sai PSDB e entra PT, sai PT e entra PSDB, sai PSDB e entra PT ad infinitum é tão infrutífera quanto nociva para o andamento da carruagem tupinica. Os partidos políticos menores afortunadamente sobrevivem diante do critério bestial para o voto de confiança da média dos eleitores e da capacidade esmagadora dos grandes de investir mais em qualquer tipo de publicidade.
Quando se acredita que os exploradores ou os vilões são os patrões, logo se descobre que houve engano porque os atores das mazelas podem ser os funcionários, os subordinados, os cidadãos ou o próprio governo no país onde "todos querem tirar o seu" a qualquer custo e sem se importar se a vida está em jogo.
A escolha de investimentos no transporte rodoviário – e por que não mencionar o abuso do valor e número dos pedágios nos estados supostamente mais desenvolvidos e modernos – demonstra a negligência das ferrovias e hidrovias, que seriam mais baratas e inteligentes para qualquer nação que se diz em busca do desenvolvimento sustentável.
Numa tendência contrária a este conceito, o novo ponto eletrônico exigido das empresas para o controle de entrada e saída de funcionários passa a gastar bobinas de papel e atirar no lixo todo o investimento anterior, árduo de conquistar para milhões de empreendedores.
A opção dos pedágios tem fomentado a lucratividade de empresas que se aproveitam de concessões rodoviárias. Por falar em mercado emancipado, não consinto com a visão otimista da Câmara Brasileira do Livro (CBL) sobre a redução de preços de algumas categorias de livros, como didáticos e religiosos. Embora se exponha um estudo fundamentado em dados, que indica também o aumento da produção, o livro continua muito caro no Brasil, tem pouco incentivo governamental e ainda se lê pouco por aqui.
A luta pela difusão do hábito de leitura continua, porém. O investimento em bibliotecas públicas deveria aumentar assim como o subsídio ao uso de folhas recicladas para o barateamento do material impresso. Muitos ainda veem a reciclagem como um esforço que não vale a pena.
Precisamos ter a mesma habilidade que os euânus têm no cinema para convencer os turistas de que a Copa e as Olimpíadas serão dois eventos seguros no Brasil. Ao que tudo indica, no entanto, ações criminosas como a que ocorreu no Hotel Intercontinental do Rio de Janeiro são difíceis de ocultar. Nesta ocasião, bandidos armados invadiram o recinto luxuoso e fizeram dez reféns.
Resta pouca suspeita de que o Brasil deve resolver problemas básicos do subdesenvolvimento, como a garantia de educação e saúde de qualidade ao seu povo lastimado por enganos e a ilusão de vida fácil, antes de gastar dinheiro na construção e reforma de estádios e gerar empregos temporários e fugazes.
O Brasil e nenhum outro país podem condescender com práticas abusivas de quem quer que seja, principalmente quando se envolve a qualidade de vida dos trabalhadores e a crença de que o que não pode lá onde as leis funcionam pode por aqui onde se burlam as regras.
Recebemos, a propósito, mais algumas toneladas de lixo da Europa. Desta vez, a Alemanha enviou ao Brasil alguns contêneires de despejo via marítima sob a rubrica falsa de material reciclável. Este crime jamais ocorreria sem a conivência de alguns tupinicas traidores da pátria, que até o inferno rejeita.
É preocupante a politização de alguns setores no Brasil ao lidar com temas sensíveis. Houve polêmica em torno da negação do governo iraniano de aceitar a oferta de refúgio da contraparte tupinica a uma cidadã condenada por um crime naquele país. Aconteceu algo parecido com o italiano Cesare Battisti. Não é à toa que falam que o Brasil é paraíso para a criminalidade.
Nosso papel é o de denunciar abusos, questionar ganâncias e valorizar o bem comum.
Sem este esforço mancomunado, o auspício é de um futuro incerto.
 
Bruno Perón é bacharel em Relações Internacionais