É provável que haja um consenso entre a escola e a família: o aluno não precisa de 3 semanas de descanso nas férias de julho. Em meio às muitas opções de bem utilizar o tempo, uma das mais úteis – e para muitos, aprazível – é a leitura de livros, revistas, jornais. Desperta e consolida um bom hábito, tão valorizado nos vestibulares e na vida profissional. Cada vez mais os concursos priorizam o aluno leitor, aquele que melhor compreende e produz bons textos, consequentemente melhor verbaliza as ideias e é capaz de expô-las em público.
Aos que viajam a países da Europa, América do Norte, Argentina ou Chile, chama a atenção a presença de escolares nas bibliotecas, livrarias e museus. Uma cultura que é pouco difundida e pouco praticada no Brasil. Os efeitos são mensuráveis: nos testes do PISA, que medem o desenvolvimento dos alunos de 15 anos, patrocinado pela OCDE, órgão da UNESCO, ocupamos o penúltimo lugar em Compreensão Textual, de um total de 40 países. Não surpreende, destarte, que somos um dos campeões em analfabetismo funcional. O Instituto Paulo Montenegro revela que apenas 28% dos brasileiros com idade entre 15 e 64 anos têm domínio pleno da leitura e da escrita.
Em tempo algum houve tanta facilidade, vivemos em um mundo com abundância de livros, revistas e jornais. Ademais, grandes clássicos da literatura podem ser obtidos através de download. Os e-books estão chegando, com a libido de uma tecnologia moderna. Enfim, quem quer ler tem como chegar ao livro. Se a desculpa é a falta de tempo, por que não reduzir o entretenimento como a tevê, videogame, computador? Também são atividades solitárias e promovem agitação.
O aconchego de uma biblioteca ou o cômodo silencioso de uma casa, totalmente imerso numa boa leitura, conduz-nos à serena paz de espírito, tão rara em qualquer outro ambiente. Mário Quintana se faz oportuno: “O livro traz a dupla delícia de a gente poder estar só e ao mesmo tempo bem acompanhado”.
Ler o que se gosta é um dos grandes prazeres da vida. É bálsamo para as horas de tédio ou de ausência de companhia. O dia termina em conflitos? Ofensas? Socorra-se em Montesquieu: “Jamais sofri qualquer mágoa que uma hora de boa leitura não tenha curado.”
Frente às fortes exigências da vida moderna, podemos experimentar duas formas de praticar a benfazeja catarse: nas páginas de um bom livro e nas caminhadas pelos aprazíveis parques da cidade. Está provado que tais atividades promovem a sensação de bem-estar provocado pela serotonina. Se os músculos se fortalecem com os exercícios físicos, igualmente o cérebro necessita de sinapses através dos neurônios: leituras, memorizações, exercícios que exijam raciocínio. E afastam ou minimizam o Alzheimer, a depressão e a solidão. Uma mente vazia ou preguiçosa é oficina de doenças e vícios.
Jacir J. Venturi é diretor de escola e vice-presidente do
Sindicato das Escolas Particulares do PR