Quase um ano depois de anunciar a incorporação das fábricas de papel e celulose da antiga Fibria, a Suzano assumiu, neste mês, as duas maiores unidades de produção do país, classificadas entre as maiores do mundo, sediadas em Três Lagoas. Juntas, as plantas têm capacidade de produção de 3,2 milhões de toneladas/ano – um gigante capaz de provocar e movimentar toda a cadeia mundial da celulose, além de gerar disputa de mercado entre grandes companhias.
A conclusão da negociação não parece ter gerado impactos negativos para as equipes que tocavam as plantas da Fibria. Grande parte do primeiro time do Grupo Votorantim permanece em posições de comando e não há sinais de reduções de projetos, de equipes ou de participação em iniciativas socioambientais. Ou seja, para Três Lagoas, a troca de comando da empresa gera expectativas muito positivas.
Pouco se sabe dos planos da Suzano até agora. Mesmo assim, não resta dúvida de que a empresa não desembarcou na cidade para reduzir sua atuação no mercado mundial da celulose. Mas, para avançar ainda mais e, quem sabe, aproveitar todo o potencial agropecuário da Costa Leste e lançar uma terceira unidade fabril. Um sonho? Não. Essa possibilidade já era admitida pela já antiga Fibria.
Uma movimentação assim, que envolve cifras bilionárias e contratos entrelaçados entre fornecedores, exportadores e compradores ao redor do mundo, exige planejamento e gestão absolutamente sincronizadas. Certamente que a Suzano sabe o beabá deste mercado. Para Mato Grosso do Sul seria um avanço de porte grande, especialmente porque a concorrente Eldorado Brasil não está dormente como se imaginou. Há planos em andamento na empresa três-lagoense do Grupo J&F. Tanto que a instalação de uma usina de biomassa aloca R$ 320 milhões em investimentos para início de obras neste trimestre.
São impactos em escala global que acontecem aqui em Três Lagoas, a capital mundial da celulose, que aguarda a venda da fábrica de amônia ureia da Petrobras para consolidar mais ainda o seu desenvolvimento industrial.