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Indignação: Realidade concreta de poucos

Todos se perguntam sobre os reais motivos que levam pessoas a lutar por uma mudança efetiva em determinada situação, tentando melhorar a condição dos que sofrem. Temos visto protestos por motivos diversos que vão de redução de tarifa de transporte coletivo, melhoria na educação, saúde, dentre outros. Por qual motivo pessoas arriscam suas vidas por uma causa? A resposta é simples. Muitos se vêem indignados pela injustiça da humanidade, e isso é demonstrado pelo sentimento da repulsa e defesa social. A vingança privada é imanente ao ser humano, e isso explica a revolta excessiva dos vândalos que se vê atualmente no país. Basta imaginar que se algum motorista profere xingamento no trânsito, o motorista de outro carro já fica pronto para devolver na mesma moeda, assim por diante. Com este artigo proponho que o leitor se inspire nas palavras de um grande mártir da história. Refiro-me a Martin Luther King, que disse: “o que me incomoda não é o grito dos maus e sim o silêncio dos bons”. Não se pode olvidar que Martin Luther King entrou para a história da humanidade por lutar em favor dos direitos civis nos Estados Unidos, e essa foi a razão de sua indignação diante da opressão e da injustiça. Verdade seja dita que a indignação é o reflexo do inconformismo que tanto causa inquietação na sociedade. Da inquietação nasce a convicção de que não se pode calar diante das injustiças, do analfabetismo, da fome, da corrupção, da violência e de problemas sociais que o país enfrenta. O povo não pode ser como pedras ou seres inanimados que permanecem alheios a tudo que acontece ao nosso redor, pois os males são destrutivos. Na bíblia vemos as palavras sábias do Mestre Jesus “no mundo tereis aflições, mas tenha bom ânimo”. Ora, bom ânimo aqui se refere a força de não aceitar a situação e lutar para ver a aflição ou qualquer outro problema resolvido. Neste sentido deve-se dizer que é preciso resgatar esse sentimento de indignação por tudo aquilo que nos destrói. Porque indignados, a sociedade será mais justa e igualitária, mesmo com pequenos gestos. Quantos já não padeceram sozinhos aceitando a passividade? A população boçal, hipócrita e preconceituosa que acusa, julga e condena é incapaz de entender as garantias fundamentais atinentes à pessoa humana. Nessa senda, o que se propõe é um alerta de que não podemos nos calar, seja diante da inefetividade do poder público, acusadores inescrupulosos, políticos oportunistas ou julgadores arbitrários, bem como da população que faz um linchamento desregrado e antecipado ante qualquer fato que gere certo tipo de clamor. Ao ensejo da conclusão afirmo que necessariamente devemos lutar por causas nobres, não quebrando tudo, mas também não sendo como a mosca sem asas que não ultrapassa as janelas de nossas casas e nem sendo como o trovão que só faz barulho. Por tudo isso, caro leitor, não se cale diante dos males deste tempo. Encare o problema e mostre a verdade nesse país que vivencia atualmente manifestos de democracia. É o tempo!

*Hebert Mendes de Araújo Schütz é advogado e professor no curso de direito da UFMS, Campus Três Lagoas.