A febre da informática pegou o país inteiro. Nunca se vendeu tantos computadores como agora. E a máquina está ficando cada vez mais potente, capaz de abrigar nele bibliotecas inteiras. Os jovens preferem ficar em casa clicando em vez de ir jogar um futebolzinho, fazer um passeio, ir namorar. Por um lado é muito bom, pois no mundo violento que está agora, quanto menos sair de casa melhor.
A informática chegou, os computadores ficaram potentes, mas e o povo? Evoluiu também? Avançou?
Por incrível que pareça grande parte da população parou no tempo. São poucos os que realmente sabem digitar, fazer alguma coisa que presta nos computadores. A grande maioria começa a fuçar o computador e diz que já é um especialista no ramo. A gente percebe isto claramente e nos concursos públicos que existem por aí, o maior número de reprovação é realmente no campo da informática.
Virou mania agora os governos estaduais e municipais equiparem as escolas com computadores. Enviam máquinas novinhas e em menos de um ano viram bagaço, entulho nas escolas. É que não há contratação de professores de informática. Os computadores são para as crianças ficarem brincando, jogando, conversando fiado no Orkut e no MSN e muitos entrando em pestes pornográficas. Não há ninguém para olhar, nem botar freios. Logo as máquinas estarão todas bichadas e em pouco tempo começam a feder.
Sou totalmente a favor de que todas as escolas possuam um laboratório bem arrumadinho de informática, mas com professores treinados, com aulas criativas e instrutivas. Sabendo usar o computador é o melhor professor que temos na atualidade, mas se deixar por conta da criançada, simplesmente vira baderna.
Temos uma escola de informática para crianças carentes. Aqui nenhum aluno paga mensalidade. De 2004 até agora já treinamos mais de duas mil pessoas, das quais conseguimos empregos para mais de 400. Treinamos uma base de 300 pessoas por ano, mas os nossos cursos são bem organizados. Criamos nossos próprios métodos. São 5 cursos ao todo: Informática básica e digitação, Informática Avançada, Informática Prática, Praticando Informática, Curso de hardware.
A maioria dos alunos que freqüenta nossos cursos é da rede pública, mas temos muitos de escolas particulares e também trabalhamos com adultos em geral. É incrível, mas estes alunos dizem não receber nenhuma instrução de informática em suas escolas.
Os professores de outras disciplinas passam os trabalhos para os alunos pesquisarem. Grande parte destes alunos entra na Internet e copia o trabalho inteiro. Muitos trabalhos ficam idênticos, pois eles buscam as mesmas fontes. Não têm nem a coragem de ler o trabalho. Daí é que se pergunta se a informática está criando gênios ou imbecis? O professor precisa fazer perguntas sobre o que foi dado, provas, seminários. Do contrário o aluno vai sair pior do que antes. Não se vê mais alunos fazendo trabalhos em bibliotecas. Para o aluno inteligente e que tem interesse em aprender mesmo, a informática vai-lhe ajudar muito.
Um dos graves erros que existe é não ensinar o aluno a digitar. Ele vai soltando o dedo em qualquer tecla e não progride mesmo. Se ele fizer alguma coisa assim ainda vai lá, mas se deixar por conta eles entram nos joguinhos e aí passam o dia perdendo tempo. Se deixar a criança, ela fica mais viciada que qualquer adulto. A criança perde o rumo das coisas, não entra em contato com a natureza, não quer saber dos problemas porque passa o mundo. Vivem praticamente no mundo da lua.
As notas dos alunos atuais mostram bem isto. Quando o colégio cobra o conteúdo e age corretamente, ainda consegue alguma coisa.
Seria necessário que a informática fosse obrigatória em todas as escolas do país para as crianças da 5ª. Série em diante, porém que houvesse aulas normais de digitação e ferramentas do Windows ou outros programas. Que os professores ensinassem os alunos a pesquisarem na internet, ou seja, buscar as várias fontes com o conteúdo. Inserisse as figuras necessárias ao trabalho. Basta querer e ter um pouco mais de vontade. Se as escolas do país usassem uma boa metodologia de informática, tudo melhoraria. O que não pode é deixar os alunos soltos para fazer o que bem entenderem. Precisamos criar gênios e não viciados em computador.
Henrique Pompilio de Araújo é articulista