A situação de endividamento da população brasileira me obriga a fazer algumas indagações como: porque tanta liberdade ao sistema financeiro da pratica dos juros altos sem critérios e controles? Porque a omissão do governo, representado pelo Banco Central neste quesito? Não teria como criar taxas de juros mais baixas para nossa população menos favorecida? Nosso sistema capitalista não tem reguladores de abusos em seus ganhos?
Esses questionamentos são de difíceis respostas, mas podemos fazer uma análise do nosso cenário atual, no qual, esta a caminho o monopólio das instituições financeiras, com as grandes fusões das instituições financeiras.
Um problema que enfrentamos é a passividade de toda sociedade em relação às ações abusivas destas instituições. Acredito que tenha chegado a hora da mudança de postura, levantando a bandeira e dizendo não aos juros altos. É necessário dar um basta nisso, educar a população brasileira a não mais tomar créditos abusivos, não fazer empréstimos, não aceitar este jogo onde só os mais providos ganham.
A mercadoria “dinheiro” é explorada em nosso país de forma covarde e desigual. Faça uma análise: enquanto as mercadorias comuns são fabricadas, comercializadas, gerando empregos e pagando impostos do inicio da cadeia até o final, o sistema financeiro se torna cada vez mais virtual, causando desemprego e o endividamento em nossa população.
Acredito que chegou a hora de combatermos essa situação, buscando limites para essas instituições, pois, estamos diante de uma das maiores crises mundiais, uma verdadeira guerra, onde as famílias é que pagam a conta, como consumidor final, por isso, é a própria família que tem que entrar nessa guerra, aprendendo a evitar o consumo abusivo, não aceitando este sistema.
É fundamental que nossas autoridades, comunidades, empresários, consumidores em geral se mobilizem para uma grande campanha nacional com o objetivo de colocar um regulador, um limite nessas instituições. Não que o sistema financeiro não seja preciso, ele é necessário e tem um importante papel social, mas deverá ser criado um sistema rígido de controle para não haver abusos e enriquecimento de alguns em prol da miséria de milhões por falta de educação financeira e da transparência social.
Outro ponto fundamental é a instituição da educação financeira nas escolas, são muitos os projetos nas câmaras municipais e federais, na assembléia legislativa sobre isso, mas, infelizmente, falta vontade política e visão de que poderíamos ter uma sociedade equilibrada e independente financeiramente. Enquanto esse processo não se inicia amargaremos mais uma geração de endividados e miseráveis.
Em algumas escolas os professores até se esforçam, mas não fazem muito, visto que nem eles receberam essa formação, além disto, falta vontade política por parte de nossos governantes de educar financeiramente nossa população brasileira.
Temos que levantar a bandeira e capacitar nossa população tornando-os conscientes e educados financeiramente, podendo ter de volta mais trabalho e a cadeia produtiva resgatada, porque o dinheiro terá que ser novamente aplicado no setor que dá emprego e produção.
Devemos já iniciar uma campanha continua de consumo consciente e responsável e dar orientações de como respeitar o dinheiro e não desprezá-lo, informando como funciona a ciranda financeira abusiva e comece a comprar somente com o dinheiro que ela tem em seu bolso.
Reinaldo Domingos é educador e terapeuta financeiro, presidente do DiSOP Instituto de Educação Financeira