De quatro em quatro anos nós brasileiros nos juntamos à frente de nossos televisores para acompanharmos os Jogos Olímpicos.
Sempre nos enchemos de esperança, em razão das conquistas obtidas pelos atletas durante o ciclo olímpico: campeonatos mundiais, pan-americanos, sul-americanos, etc.
Porém, os Jogos Olímpicos passam, a expectativa vira decepção e a realidade atinge cada um de nós de maneira impiedosa.
O Brasil nunca foi um país dito olímpico, mas isso não significa que não tenhamos um povo com perfil e adoração pelo esporte.
As inúmeras conquistas do futebol, responsáveis pelo fim do complexo de vira-lata, fizeram com que esta modalidade atingisse o coração do povo brasileiro e conquistasse enorme espaço nos meios de comunicação.
Também em outros países, onde o futebol sempre foi muito popular, houve fenômeno parecido, porém, nada que se compare ao Brasil.
Em tempos mais antigos, tivemos inúmeras conquistas em outros esportes que, igualmente, nos encheram de orgulho, como os títulos de Wimbledon de Maria Ester Bueno; o bicampeonato mundial de basquetebol; os oito títulos mundiais de Fórmula 1, com Emerson Fitipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna; os títulos mundiais de boxe com Eder Jofre; as medalhas de ouro e os recordes do salto em distância, com Ademar Ferreira da Silva, Nelson Prudêncio e João do Pulo, entre outros.
Mais recentemente, tivemos ainda conquistas seguidas no voleibol, masculino e feminino; no tênis, com o Guga; no judô com Aurélio Miguel e Rogério Sampaio: no hipismo, com Rodrigo Pessoa; na vela, com os irmãos Grael e com Robert Scheidt, na natação, com Cesar Cielo e no atletismo, com Maurren Maggi.
Isso sem contar com a ginástica artística, o MMA, o taekwondo, o surfe, o atletismo, entre tantos esportes que tiveram grande avanço, atletas em destaque e passaram a contar com a audiência do povo brasileiro.No entanto, a pergunta que se faz é: estamos no caminho certo?
Esta pergunta pode ser respondida de inúmeras maneiras e com uma infinita gama de argumentos, justificativas e pontos de vista. Não tem este artigo a intenção de se aprofundar no tema.
Entendo, porém, que a primeira análise deveria se pautar na manifestação desportiva, algo que por muitos anos passou despercebido.
Natural que associemos o esporte com o que ocorre nos Jogos Olímpicos: atletas profissionais, de alto rendimento, que lutam pelo status de melhores do mundo em suas respectivas modalidades.
Esporte é muito mais do que isso. Esporte, ou melhor dizendo, Desporto é toda a forma de praticar atividade física que, através de participação ocasional ou organizada, visa equilibrar a saúde ou melhorar a aptidão física e proporcionar entretenimento aos participantes.
A prática desportiva gera saúde, sociabiliza, combate a criminalidade, o trabalho infantil, a gravidez precoce, entre outros benefícios a todas as faixas etárias.
Assim, seria correto investir no esporte brasileiro, visando à conquista de 10, 15 ou 20 medalhas nos Jogos Olímpicos, competição organizada de 4 em 4 anos pelo Comitê Olímpico Internacional e voltada, exclusivamente, a atletas de rendimento? Ou seria melhor direcionar nossos esforços para a criação de uma mentalidade realmente esportiva entre os cidadãos brasileiros, priorizando o desporto educacional, como prevê nossa legislação?
Para o desporto de rendimento, nenhuma lei ou incentivo publico será o suficiente. É que pensemos no esporte como negócio que dá lucro!
Outros sim, o Brasil necessita investir não só em treinamentos e infraestrutura. Precisamos capacitar e treinar os profissionais de educação física, técnicos desportivos e demais profissionais que atuam no dia a dia dos atletas. A psicologia esportiva, por exemplo, nunca esteve tanto em evidência.
Para tanto, a Lei de Incentivo ao Esporte, disponível em âmbito federal desde 2007 e em âmbito estadual desde 2010, é um excelente mecanismo de apoio ao esporte em suas mais variadas manifestações: educacional, participação, rendimento, social, formação, gestão e desenvolvimento, obras e infraestrutura.
Com conhecimento e criatividade, entidades, dirigentes, treinadores e atletas têm na mão uma excelente ferramenta para buscarem o tão sonhado financiamento aos seus sonhos desportivos.
Neste ano a oportunidade está batendo às portas. A Lei de incentivo Federal deve aceitar protocolo de projetos até 15 de setembro de 2012 e a Lei Estadual estará aberta a novos projetos entre 5 de setembro e 4 de outubro de 2012.
As pessoas interessadas em se capacitar têm excelentes oportunidades entre as ofertas de treinamentos no País, em diversos níveis. Ainda é tempo de estudar! Gestão é resultado! E bons resultados decorrem de boas gestões.
Cristiano Caús é professor de MBA em Gestão e Marketing Esportivo e do curso Prático de Leis de Incentivo ao Esporte da Trevisan Escola de Negócios.