Segundo o Instituto Patrícia Galvão, no Brasil, a cada 9 minutos uma mulher é vítima de estupro. Houve um crescimento de 8,4% de casos de estupros de 2016 a 2017. Em números exatos, são 60.018 casos registrados. Já, diariamente, três mulheres são vítimas de feminicídio. A recorrência dos homicídios também aumentou: o ano de 2016 registrou 929 casos, e em 2017, ocorreram 1133 casos, tendo um aumento de 6,1% de casos registrados.
A cada dois dias, a cada 2 minutos uma mulher registra agressão sob a Lei Maria da Penha, isto é, 606 casos diários registrados. É válido apontar que aqui se trata somente de casos registrados, ainda existem muitos casos que as autoridades não tomam conhecimento.
É alarmante constatar que alguns homens autores de violência contra mulheres declaram que: “tem mulher que só aprende apanhando bastante” e que: “agiram bem” e que: “bateriam de novo”. Essas declarações reforçam a imagem de uma mulher submissa e que “tudo deve aceitar”. À essa naturalização da violência, acrescenta-se o fato de que “a culpa é da mulher” e que agredi-la é uma forma de “domesticá-la”.
O que leva os homens agredirem as mulheres e naturalizarem essa violência? Há muitas respostas para essa pergunta. Uma delas situa-se na “masculinidade tóxica”, um modelo de masculino que estimula a obsessão por poder, dinheiro e sexo e, sobretudo, a violência contra a mulher.
Para não perder seu espaço, o homem precisa provar constantemente o seu capital viril e, quanto mais inseguro ele se sente, mais violento fica. Masculino em descontrole. Quando um homem agride uma mulher, ele está agredindo a si mesmo.
O caminho de mudança passa pela ressignificação do perfil de masculinidade. Passa pela ruptura, transformação e transição para um modelo de masculino que desenvolva a alteridade, o vínculo, a empatia e a resiliência. A masculinidade tóxica é parte do problema; homens com coragem para mudar o seu o lugar na história e na sociedade, rumo para a solução.
*Jorge Miklos é sociólogo e psicanalista.