* Lucinéia Maria dos Santos Gomes é acadêmica do curso de Administração da UFMS – Campus de Três Lagoas/MS.
* Silvio Paula Ribeiroé professor e coordenador do curso de Ciências Contábeis da UFMS – Campus de Três Lagoas/MS
A taxa de mortalidade infantil é calculada através do número de crianças que morrem antes de completar o primeiro ano de vida a cada mil nascidas. Esse problema é considerado um caso de gestão pública, afinal é um índice que tem profundo impacto no desenvolvimento de uma população. Por meio dele, é possível obtermos informações sobre a eficácia dos serviços públicos – como saneamento básico, sistema de saúde, disponibilidade de remédios e vacinas, acompanhamento médico, alimentação adequada, entre outros.
Entretanto, os resultados desses dados não podem ser considerados os únicos responsáveis pela mortalidade infantil. Percebemos que, paralelo ao fator de saúde (não menos importante), aparece o fator educação. O impacto da alfabetização de adultos sobre a morte de crianças retrata a importância da educação para o desenvolvimento do nosso país. Infelizmente, temos crianças morrendo por ignorância. O nível de educação da mãe é relevante no desenho da gestão pública, pois o acesso à informação permite que ela tenha os cuidados necessários para garantia da gestação e do bebê saudáveis. As devidas instruções à gestante devem ser fornecidas: pequenos atos como pré-natal e amamentação são significativos e fazem muita diferença no desenvolvimento do recém-nascido.
Já é possível percebermos uma redução de aproximadamente 60% no índice de mortalidade infantil no Brasil nos últimos 20 anos, porém sabemos que ainda há muito a melhorar, visto que este indicador aparece como um problema que ocorre em escala global, no qual as regiões pobres são as mais atingidas.
Esse tema é tão importante que aparece entre os 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) visando a combater os principais males da sociedade.
A taxa de mortalidade infantil é um indicador utilizado para medir a qualidade de vida de uma determinada população. Quando pensamos em qualidade de vida, relacionamos ao desenvolvimento econômico, afinal, a priori, crescimento econômico significa melhores condições de vida. É fácil notarmos que o combate à desigualdade social é essencial para reduzir a mortalidade infantil.
Maiores reduções na mortalidade infantil estão na dependência da Gestão Pública, na implantação de políticas públicas que provoquem mudanças estruturais nas condições de vida das pessoas. Como exemplo, podemos citar: acabar com a fome, aumentar o acesso ao saneamento básico, melhorar a instrução das mulheres, dar à população de baixa renda mais acesso a serviços de saúde de qualidade, aumentar as campanhas de conscientização sobre a importância da vacinação, da reidratação oral e do aleitamento materno.
Sabe-se que nenhum sistema de serviço público é capaz de solucionar todos os problemas da sociedade, porém o Estado tem o dever de fornecer assistência básica de forma eficiente. A saúde é um direito de todo cidadão, embora percebamos que isso não é uma realidade em muitos lugares.
A mortalidade infantil pode ser retratada como o espelho de um serviço público muitas vezes ineficiente, incapaz de fornecer o regular para garantir a vida de um ser humano. O Brasil avançou bastante, no entanto, não podemos nos contentar com isso. Afinal, crianças ainda estão morrendo por causas evitáveis, por não terem a assistência e os cuidados necessários que garantam seu direito à vida. É necessário abrir a caixa preta da mortalidade infantil e priorizar soluções para tais enfermidades, só assim poderemos antever as causas da mortalidade infantil.