A chamada indústria do esporte se refere a toda atividade que acontece no entorno do atleta e que movimenta dinheiro. Um exemplo claro: um treinador ou um fisioterapeuta, por exemplo, é remunerado por meio de um salário, e esse valor será usado para consumo ou poupança, movimentando a economia do esporte. Mas além dessas atividades mais próximas do atleta, há uma imensa cadeia ao longo da prática esportiva envolvendo produtos e serviços.
A produção e venda de artigos esportivos, o licenciamento de produtos com a marca de um clube, a elaboração de contratos por advogados, a gestão da carreira do atleta, a venda dos direitos de transmissão de jogos, o patrocínio de clubes e esportistas, entre outras, são atividades que fazem parte dessa cadeia e que nos levam a considerar o esporte atual como uma indústria.
No Brasil, o mercado esportivo ainda é pouco desenvolvido, principalmente em comparação com os países europeus e norte-americanos. O processo de profissionalização ainda é muito recente e, portanto, ainda há enorme espaço para crescer. Estima-se que a indústria do esporte represente apenas 2% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, gerando cerca de 300 mil empregos.
Por estar num estágio bem anterior aos países mais desenvolvidos, o mercado esportivo brasileira possui grande potencial. De fato, tem havido uma profunda transformação neste setor, principalmente nos últimos 15 anos, com um processo de profissionalização mais intenso. A receita dos principais clubes de futebol do Brasil, por exemplo, dobrou nos últimos quatro anos. O voleibol, que antes não era uma modalidade tão popular e vencedora, hoje é o segundo esporte mais praticado, colecionando mais de 60 títulos com a Seleção Brasileira masculina e feminina. O esporte faz parte da indústria do entretenimento, a que mais cresce no mundo ao lado da bélica e da automobilística.
Por tudo isso, o mercado do esporte já tem sido olhado como uma possibilidade concreta de construção de carreira para jovens profissionais das mais diversas áreas: administração, marketing, educação física, fisioterapia, fisiologia, direito, entre outras.
A indústria do esporte no mundo deve crescer a uma taxa anual de 3,8% até 2013, segundo relatório da consultoria PriceWaterhouseCoopers. Na América Latina e no Brasil, esse crescimento deve ser ainda mais intenso não só porque são países que estão mais atrasados do que os europeus e norte-americanos, mas também pela perspectiva de grandes investimentos por conta da próxima Copa do Mundo e das Olimpíadas em 2016 serem no Brasil.
O Brasil, inclusive, já nota o crescimento de outras modalidades, além dos esportes mais tradicionais. O segmento de corrida de rua, por exemplo. O aumento dessa prática no País tem também ocorrido pela importância cada vez maior das pessoas para o cuidado com sua saúde. Além de uma alimentação regrada, a prática esportiva já é considerada fundamental para complementar uma vida mais saudável.
A corrida de rua, por ser uma prática simples, fácil e barata, tem sido uma opção interessante para a população. Além disso, o aparecimento de grupos de corrida e de participação em mini-maratonas de equipes tem estimulado o desenvolvimento de relacionamentos entre as pessoas, o que é mais um atrativo para esse segmento.
O investidor ou patrocinador só colocará seu dinheiro em projetos geridos de forma profissional, transparente e que demonstre claramente o retorno daquele investimento. Em que pese o setor estar se profissionalizando cada vez mais, ainda há muito amadorismo na gestão das entidades esportivas, o que limita a entrada de mais empresas neste mercado. Além disso, há muita carência de dados e informações com base científica que possas demonstrar claramente o quanto de retorno aquela marca está tendo com determinado patrocínio.
Há, portanto, necessidade de capacitar cada vez mais pessoas para atuar de forma profissional na gestão e no marketing esportivo, para que a máquina econômica deste setor cresça no País. E o momento é esse.
Fernando Trevisan é diretor geral da Trevisan Escola de Negócios