Sinceramente, pensei que não seria neste ano, mas que eclodiria antes de 2012. Talvez lá pelos meados de 2010, até. Minhas previsões, ao que tudo parece, falharam, eis que o governador do estado e o prefeito da capital se estranharam até de uma maneira inesperada. Tudo por conta de uma presumível verba decorrente da arrecadação do ICMS que Campo Grande poderia perder em favor de municípios com carência de receita.
Por enquanto, a discussão está no campo teórico, das conjecturas, dos cálculos aleatórios sobre quem ganha e quem perde. Quem conhece a realidade de nossos municípios do interior sabe que suas economias são esquálidas e estão a requerer uma atenção especialíssima da União Federal e do Governo do Estado para alavancar, robustecer seus músculos, ganhar fôlego na conquista do tão almejado desarrolho econômico e social. Poucas unidades interioranas de nosso Estado possuem vitalidade econômica própria. D’aí dar, de princípio, razão às declarações do governador em apoio a uma revisão tributária e que causaram um arrepio no pêlo do prefeito da maior e mais pujante cidade do Estado.
Se a questão fosse a discussão desse “affaire” fiscal-tributário tão somente, ele se esgotaria de forças na mesa das negociações lá na Assembléia Legislativa e as pazes na Governadoria. Acontece que não é, a questão se estende e adentra no nicho – perigoso e crotálico – da liderança. O governador enxerga longe e deseja íntegro e inexpugnável o seu comando na política do Estado e, estrátega napoleônico, vê aproximar-se, já não lá no horizonte e, sim, no território dele, a figura jovem, ambiciosa e de longa tradição oligárquica de mando, do vitorioso administrativa e eleitoralmente prefeito da capital.
D’aí sua primeira alfinetada – experimental e certeira – de provocação que, pelo que se leu e viu pela mídia, irritou o prefeito. Um ponto para o governador. Mas não se gabe sua excelência com seu poder de fogo e não queira, como tem usado e abusado pela franquia publicitária do cargo, dar tiros para todas as frentes, ora cutucando as lideranças do PSDB (que sempre atenderam seus caprichos, até aqui) ao se meter em seara que não sua, molestar em “cochichos” lideranças de outros partidos e estimular a cizânia na gleba do PT, até insinuando seus “flertes” com a senhora chefe da Casa Civil da Presidência da República.
Não queira sua excelência, o governador, colocar “buçal e bridão” (como é de seu estilo imperial e autocrático) de sua marca em outros partidos, quando no seu já há prenúncio de que está perdendo as rédeas…
Ruben Figueiró é ex-deputado federal e suplente de senador