Os últimos 45 anos contribuíram fortemente para a construção de um Brasil mais importante no contexto mundial, atendendo ao progresso econômico, social e político de forma inteligente. Tudo de acordo com o seu tempo e o momento vivido pelo mundo. Mas esse longo processo de ordenamento econômico, administrativo e, por fim, político, deixou marcas e ressuscitou práticas do passado condenáveis. Frustrações e ressentimentos pelos momentos de radicalização política, em que chegamos até a conviver com o terrorismo, com feridas abertas em importantes segmentos da sociedade e um processo de redemocratização que não foi acompanhado pelo eleitorado.
Este, aliás, vem se mostrando pouco atento a escolha de parte ponderável de seus representantes. Não podemos negar que este Congresso é infinitamente inferior ao eleito em 1958, há meio século, portanto. A democracia tem custado caro ao país, é um bem precioso, mas que tem de estancar esta hemorragia em sua credibilidade em função de tantos escândalos. Uma reforma política com ênfase na ética e rigor na moral seria a solução.
Vários fatos, a seu tempo e a sua hora, ajudaram a este Brasil. Alguns deles: a modernização do Estado e as grandes obras de infra-estrutura que marcaram os governos militares; o projeto de alternância de poder montado pela genialidade de Tancredo Neves; a transição hábil e sem deter o crescimento dos cinco anos de José Sarney; a criação de corajosa agenda modernizadora no governo Collor; a habilidade com que Itamar montou a reforma econômica que permitiu estabilidade com crescimento e o levou a fazer seu sucessor; os mandatos de FHC, com boa orientação na Economia, maculado apenas na forma com que seu capataz e orientador político fez aprovar casuisticamente a reeleição; a surpresa do presidente Lula, maduro, responsável, embora nem sempre bem cercado, com seu programa social que tem saldo positivo. Tudo isso deu um resultado positivo à Nação.
Evidente que nem tudo foram rosas; houve e há erros. Não temos um regime de respeito à propriedade, muito menos um Judiciário que leve ao fim o que Polícia Federal e as CPIs constataram. A violência urbana inquieta a família brasileira, assim como o consumo de drogas, as reformas estruturais que não foram feitas no governo anterior por mera fraqueza e pela busca de um consenso impossível nestes casos. Temos, sim, problemas que assustam, como os abusos dos “sem-terras”, dos “quilombolas”, dos “índios” (alguns agora importados de países vizinhos) e a tal “reserva legal”, que pode reduzir pela metade a área plantada do país, se somadas a outras reivindicações, como bem calculou o deputado gaúcho Luis Carlos Henze.
Nessa crise profunda que vive o mundo, muito mais séria do que possa parecer aos analistas do dia-a-dia da dança das cotações e dos índices. Tudo nos leva a crer que nas novas gerações, cabeças modernas, desintoxicadas, é que poderemos encontrar a saída, com paz, harmonia e progresso.
São políticos como os governadores Aécio Neves, Sérgio Cabral, os prefeitos Eduardo Paes, Nelson Trad, Gilberto Kassab, os deputados Rodrigo de Castro, Rodrigo Maia, José Otavio Germano e Odair Cunha – todos com menos de 50 anos– que podem construir o novo Brasil, olhando para frente com otimismo, confiança. E, principalmente, de maneira fraterna, aberta, sem idiossincrasias, sem mágoas, sem preconceitos. Este é o caminho para as articulações que virão ao longo do ano e da crise. Vamos renovar, dando oportunidade a esta nova geração que tem oferecido uma colaboração positiva à vida pública nacional.
As nossas constituições sempre fixaram a idade mínima de 35 anos para a disputa presidencial. Em 2010, poderíamos experimentar a máxima de 51 anos. Pode ser uma boa idéia
Aristóteles Drummond é jornalista, administrador de empresas e relações públicas