Veículos de Comunicação

Opinião

Novo ano letivo: Bons propósitos

Início de mais um ano letivo e sobejam os bons propósitos dos alunos, pais e professores. Tão imprescindível quanto o aprendizado das disciplinas curriculares é desenvolver no educando bons hábitos de estudos. Ou seja, organização e disciplina pessoal, requisitos indispensáveis para um bom desempenho escolar e também para a vida adulta.

Uma mesa e uma cadeira num ambiente silente. Sofá ou cama agregam conforto e aconchego para um bom livro, mas não para os estudos. Vai estudar ou tirar uma soneca? Aprende-se com cérebro e nádegas. Pândegas à parte, sentado numa cadeira, muita disposição para exercícios, resenhas, tarefas, leituras, equipamentos eletrônicos em off, são posturas primordiais para um aprendizado consistente e duradouro.

Devemos estimular a criança ou o jovem ao aprofundamento dos conteúdos. Um texto mais complexo ou um exercício difícil é um desafio e faz bem aos neurônios. Desenvolve o raciocínio lógico tão valorizado nos concursos, vestibulares e mercado de trabalho, pois este entende que o profissional que aprendeu a pensar é um resolvedor de problemas. Poucas sinapses se realizam no cérebro em 15 páginas de leitura fácil ou na resolução de 5 exercícios acessíveis de geometria.

No Brasil temos a cultura de pífia valorização nas disciplinas das Ciências Exatas. Em decorrência, estamos vinculando um apagão de mão-de-obra qualificada, sendo que a maioria esmagadora de nossos jovens apresentam dificuldades no entendimento de textos técnicos. Falta-lhes autodidatismo, qualidade que só é desenvolvida com bom embasamento em matemática, física, química, biologia, etc. A China forma anualmente 650 mil engenheiros e a Coreia do Sul, 80 mil, sendo que a Coreia possui um quarto da nossa população. Há estudos que chegam a quantificar em R$ 30 bi desperdiçados por ano, no Brasil, pelo despreparo de nossos técnicos, quer na execução, quer nos projetos das obras. Quantos engenheiros são diplomados anualmente no Brasil? Cerca de 55 mil, sendo que apenas 32 mil passam a atuar na profissão e os demais são seduzidos pela área financeira de gestão. Nossa demanda atual é de 60 a 80 mil novos engenheiros por ano. Para suprir prementemente a carência técnica é preciso desconstruir o mito de que a matemática, física ou química, é uma matéria difícil ou sinistra. Cada série é um degrau de uma escada que não permite saltos. Motivados pelos pais e professores, havendo por parte do aluno persistência no aprendizado da matemática, não há como não render-se aos seus encantos e à sua lógica.

Rememoremos outros preceitos básicos para um bom início de ano letivo. Aluno inteligente presta muitas atenção em sala de aula pois haverá muito menos esforço para compreender e fixar a matéria em casa. Estudar apenas nas vésperas de prova é um péssimo hábito uma vez que compromete o entendimento das aulas subsequentes e o mais importante: é um aprendizado fugaz, sem consistência e sem raízes para o longo prazo. Aprende rápido e esquece rápido. O discente deve garantir boas notas desde o 1.º bimestre quando tem menos conteúdo. É o semestre em que os estudantes se comportam mais recreativamente, e qualquer nota baixa implica em redobrados esforços nos próximos bimestres. Há alunos que gostam tanto da escola que passam o mês de dezembro debruçando-se em todo o conteúdo do ano para os exames finais, ensejando angústias aos pais e aos próprios.

Provas, simulados, concursos são ótimas oportunidades para desenvolver o equilíbrio emocional. Cuide-se da saúde – o bem maior – com boa alimentação, prática de esportes e atividades ao ar livre, nos horários recomendados, pois os benfazejos raios solares fortalecem os ossos e são excelentes como terapia para a mente. Para uma boa memorização, são essenciais 8 ou 9 horas de sono. Pratiquem-se os bons valores. Com organização e persistência nos estudos, aguarda-se um futuro promissor, repleto de alegrias, sim, mas também frustrações. Quem pede da vida uma vida sem tristezas está pedindo da vida o que a vida não pode dar.

*Jacir José Venturi vice-presidente do SINEPE-PR