Definitivamente, o brasileiro está abandonando a hábito de agir como se Ano Novo começasse sempre depois do Carnaval, geralmente entre o final de fevereiro e março – um dos erros do “jeitinho brasileiro” de dar solução a problemas ou de empurra-los para debaixo do tapete -, como foi por muito tempo. O crescimento da consciência de que tempo vale dinheiro e de que responsabilidades e obrigações têm data para vencer pode ser resultado do aperto econômico e da concorrência interna e do exterior.
Vai longe o tempo em que empresas tinham dificuldade para planejar ações e manter-se no mercado antes do período de Carnaval. Nada funcionava. E tudo o que se pretendesse fazer tinha que ser previsto para depois que as escolas de samba passassem pelas avenidas. Um engano que custou caro para a economia e o desenvolvimento do país.
Internamente, o resultado deste atraso no calendário do trabalho era o desemprego e a estagnação das empresas, que não cresciam o quanto tinham capacidade/necessidade. Externamente, o país não conseguia passar confiança a investidores – isto não exclusivamente por esse problema – e era acossado por seus concorrentes diretos, que abocanhavam o mercado.
A consciência de que o Carnaval não é nem pode ser uma época divisória do ano, entre folgar e trabalhar, caminha com esforços que partiu da classe empresarial, que tem contas vencendo todos os dias e não contabiliza lucro algum com a “folia de Momo” e dos próprios trabalhadores, que não podem deixar o emprego esperando a Quarta-feira de Cinzas.
Ainda falta um pouco para que o poder público possa ser inserido neste contexto. O número de feriados, pontos facultativos, meio-expediente etc. é ainda muito alto e custam caro ao contribuinte. Um sensível progresso ocorreu com a redução de gastos públicos com os desfiles e bailes, que não agradam nem são desfrutados por todos. Fora isso, todos já sabem que 2019 já está rodando.