Para se ter as qualidades necessárias e desejáveis, todo relacionamento deve começar num exercício interno, num relacionamento intrapessoal. A imagem que passamos aos outros é uma consequência do que somos, do que estamos buscando, do que queremos para nós e para os outros à nossa volta.
Uma falha no relacionamento intrapessoal pode nos impedir de conhecermos, de fato, muitas de nossas principais características.
Nossos medos, angústias, desesperos e impaciências podem ser visíveis a outros em momentos muito inoportunos e, para não corrermos esse risco, um dos caminhos é encararmos o que gera em nós tais sentimentos.
Desejos não atendidos geram frustração, desconforto e mau humor, que podem se transformar em uma grande fonte de grosserias e palavras ditas em momentos inadequados, gerando uma grande “bola de neve”.
Conhecer-nos é mais importante do que possa parecer à primeira vista, pois nosso externo é apenas um simples reflexo do que somos internamente. Identificar as características de nossa personalidade é um caminho para um relacionamento saudável, garantindo um pouco mais de tranquilidade ao colocarmos a cabeça sobre o travesseiro.
Para começarmos o exercício do intrapessoal, devemos começar não fugindo do que sentimos, mas entendendo que nem todas as nossas vontades poderão ser satisfeitas. Inclusive, isso é muito bom para compreendermos que temos limites e que para uma vida realmente saudável, em todos os aspectos, e não apenas no corpo físico, precisamos aprender com os princípios de Deus.
Quando nos iramos com algo ou alguém, por exemplo, é um bom momento para identificarmos o porquê dessa reação e, ainda, colocarmos em balanças fiéis, e não nas manipuladas pelas nossas tendências, tudo aquilo que fez com que agíssemos de determinado modo.
Colocar os nossos porquês em balanças fiéis é, entre outros, não nos apegarmos a modismos. Pode ser, também, encararmos nossas falhas, nossas incapacidades de entender que nem tudo pode ser feito nos nossos moldes. Aqui falo, inclusive, da escola, da sala de aula, local em que muitos se juntam para aprender e ensinar.
Muitas vezes, quando sentimos um desconforto, tendemos a mudar a direção de nossos olhos, atentando-nos a algo mais confortável de se ver e pensar. Não, não deve ser assim nosso relacionamento intrapessoal. Aliás, para ele ser realmente eficaz é preciso sermos corajosos o suficiente para entendermos que erramos, que falhamos com algo ou alguém, que agimos de um modo que não somente prejudicou o outro como também, e às vezes principalmente, a nós mesmos.
Num processo de autoconhecimento, é possível que venha a tristeza com os resultados que podem, porventura, não ser exatamente aqueles que desejávamos. Contudo, a tristeza deve gerar também em nós o desejo de “colocarmos a nossa casa interior em ordem”.
É momento de levarmos nosso relacionamento intrapessoal mais a sério, não deixá-lo falando sozinho, não fazer pouco caso dele.
Quando compreendemos nossas razões, adequadas ou não em relação a algo, temos, enfim, a chance de nos relacionarmos com o outro de um modo mais maduro, mais ético e mais condizente com aquilo que buscamos, de fato, alcançar.
Erika de Souza Bueno é consultora pedagógica de Língua Portuguesa da Planeta Educação e editora do Portal Planeta Educação