*Cláudio Ribeiro Lopes
Curitiba/PR, 29/04/2015. Professores, em sua maioria, e populares exercitavam sua cidadania, marchando em protesto contra a votação de um projeto de lei que implicava apropriação indébita de seu fundo de aposentadorias pelo atual governo do Paraná. Não bastassem as ações judiciais objetivando excluir desse processo o exercício da democracia pelos sujeitos interessados – os professores –, a polícia militar do Paraná, em cumprimento a ordem direta do governador, por meio de seu batalhão de choque, lançou-se contra os manifestantes no momento em que se aproximavam da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), a Casa do Povo, local em que seus representantes, em sua maioria, tratam de interesses particulares em detrimento da coisa pública. O tráfico de influência, mediante a distribuição, pelo governo, de cargos em comissão a amigos, parentes e familiares de deputados, bem como a institucionalização de um auxílio-moradia aviltante e imoral para todos os membros do judiciário paranaense nos dão o pano de fundo que colore essa votação (e outras que virão…).
Deveria eu, aqui, falar da vergonha que se viu e se noticia, com a absurda violência e os excessos praticados pela tropa, que cumpria uma ordem pouco ou nada legal contra os manifestantes. Deveria, ainda, dizer dos quase 200 feridos, 8 deles gravemente, os quais apenas tentavam exercer seu direito como cidadãos, num regime democrático e num Estado de Direito. Ou até mesmo falar sobre os 17 policiais militares, presos pela recusa em agredir os professores-manifestantes.
Mas, não. Falarei, aqui, sobre Educação e acerca do futuro. A todos aqueles que ainda creem que Política se faz por sobre e acima do interesse público verdadeiro, venho afirmar: não se trata de uma mera batalha vencida pelo implemento do caos, pela assunção da barbárie, pelo desenrolar do tapete da violência policial contra os educadores; trata-se, isso sim, de uma guerra. Essa guerra é travada dia após dia pelos professores. Nossas armas são o giz, a lousa, os cadernos e o diálogo. Nosso Exército é formado pelas crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. É a eles que devotamos nossas vidas, diariamente; é a eles que nos dirigimos/dirigiremos, todos os dias, denunciando gente, ideias e ações vis e autoritárias. É por eles que iremos desconstruir toda forma de pensamento vil, antidemocrático, perverso e desumano. É neles que depositaremos nossa esperança de que outros déspotas sejam impedidos de emergir. Eles os sepultarão da vida pública.
Para tanto, estaremos calçados com as botas do conhecimento, com a farda da virtude, com o escudo do amor, com o capacete da sobriedade e, finalmente, com a espada do diálogo. Tremam, déspotas de plantão; 29/04/2015, Curitiba/PR e seu Centro Cívico jamais serão esquecidos! 29/04 não restará como o dia da vergonha, mas como o Dia da Educação!