Você sabia que o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) tem registrado o nome e a história do estagiário número 1 do Brasil? José Feliciano de Carvalho foi o primeiro estudante que procurou a organização há mais de 45 anos. Ele estava no seu primeiro ano do curso de Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) quando leu uma matéria sobre a importância da integração entre empresa e escola. Aquele texto mencionava a iniciativa de empresários e educadores que estavam fundando uma ONG para fazer a ponte entre os mundos do saber e do fazer por meio do estágio, uma modalidade de inclusão de jovens no mercado de trabalho que estava surgindo naquela época.
Ao saber do nascimento do CIEE, José Feliciano ligou para o jornal e conseguiu o endereço do primeiro escritório da organização. Quando ele chegou ao sobradinho no centro antigo da capital paulista, viu que o pessoal ainda estava colocando as mesas no lugar para começar o atendimento. A rapidez lhe garantiu um estágio no departamento jurídico da Ultragaz: foi o primeiro concedido pelo CIEE e, por que não, o primeiro do Brasil devidamente documentado. Toda experiência adquirida em sua fase de estagiário abriu portas para que construísse uma carreira que o levaria a se tornar o atual head of business development do HSBC.
Depois de José Feliciano, inúmeros outros empresários, autoridades e personalidades de destaque em suas áreas de atuação tiveram no estágio a primeira etapa da vida profissional. É o caso de Ivan Zurita, presidente da Nestlé, que sempre lembra a colaboração do CIEE para que se tornasse estagiário, e de Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – secção São Paulo (OAB-SP). Não poderia ser diferente, afinal é mais natural supor que milhares de executivos de sucesso surgissem do exército de dez milhões de jovens encaminhados para estágio pelo CIEE nestes 46 anos.
A capacitação prática em empresas e órgãos públicos auxilia os jovens a aprimorarem seus conhecimentos técnicos – especialmente por mostrar a aplicabilidade das teorias aprendidas na escola – e os colocam em contato direto com profissionais experientes que lhes exigirão postura e comprometimento. Não por outra razão, o índice de estudantes que são efetivados em decorrência do estágio é de 64%, segundo pesquisa do instituto TNS InterScience. Conhecimento técnico somado a atitudes positivas é a fórmula do gestor de sucesso. Que o diga José Feliciano.
Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da FIESP
Opinião