Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o desemprego na faixa etária de 15 a 24 anos é 3,5 vezes maior do que entre a de 24 anos ou mais. A exclusão dos jovens do mercado de trabalho pode ser comprovada na frieza das tabelas e questionários, mas, quando a análise é feita em outra base, a chaga social ganha um contorno, um rosto e sua justa dimensão pode ser mensurada. Somente o 1,3 milhão de estudantes que aguardam uma oportunidade de estágio no CIEE é equivalente às populações da Guiana e da Guiana Francesa, que somadas se aproximam de um milhão de pessoas. Ou seja, dentro do Brasil, temos “dois países” que carecem de experiência profissional, pré-requisito para a conquista do primeiro emprego. Isso só reforça a importância da missão perseguida, desde sua fundação, ia por nossa organização e o tanto que ainda falta a ser feito em favor da juventude.
Em 2009, o CIEE completa 45 anos de atividade filantrópica em favor do futuro das novas gerações. Fundado por empresários e educadores, nasceu treze anos antes da primeira Lei do Estágio, já visualizando na capacitação prática o atalho para diminuir a distância entre a sala de aula e a estação de trabalho – distância que, já naquela época, afligia os jovens. Por seu pioneirismo, tornou-se sinônimo de estágio, influenciou a história dessa modalidade de treinamento no País e atingiu resultados significativos. Desde sua fundação, oito milhões de estagiários foram beneficiados – população pouco inferior à da Áustria – e atualmente conta com 350 mil jovens em empresas e órgãos públicos, o que ultrapassa em algumas dezenas de milhares os habitantes da Islândia.
Em todo esse tempo, o CIEE viu meninos se transformarem em homens de brilhante futuro profissional, sem ter que desembolsar nenhum centavo pelos serviços que receberam. Bom exemplo é o do primeiro estudante encaminhado para estágio: José Feliciano de Carvalho foi contratado durante seu primeiro ano na faculdade de Direito pela Ultragaz, e a experiência lhe abriu portas, direcionando-o para o setor financeiro até ocupar um cargo de alta direção no HSBC.
Para atender com o mesmo padrão de qualidade os 245 mil parceiros que o escolheram para administrar seus programas de estágio, o CIEE instalou mais de 300 unidades de atendimento em todo o Brasil e ampliou sua gama de serviços. Hoje, oferece também o projeto Aprendiz Legal, que contempla a capacitação prática de jovens inexperientes, com idade entre 14 e 24 anos, em empresas, com a complementação de cursos teóricos ministrados nas dependências do CIEE.
Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE