Junto com a praticidade, conforto e dinamismo que acompanham os computadores, celulares, GPS e televisores, surgiu o lixo gerado a partir destes equipamentos. Com uma vida útil de cerca de cinco anos, é inadmissível o acúmulo destes materiais na natureza.
O fato é que a dúvida sobre o que fazer com o aparelho eletrônico que já não desperta mais interesse de seu proprietário paira sobre a sociedade. Por outro lado, sem informações dos perigos dos componentes químicos existentes nestes equipamentos e a maneira correta de descartá-los, muitos aparelhos eletroeletrônicos já foram — e continuam sendo — despejados nos aterros sanitários comuns, ameaçando o solo, que já não se encontra em boas condições nestes lugares.
Faz-se necessário que governantes e fabricantes intercedam o quanto antes para que a situação não se transforme em um problema insolúvel. Por ano são gerados 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico, conforme informação divulgada pelo Greenpeace. A quantidade representa 5% de todo o lixo produzido pela humanidade.
Entretanto, a estimativa é que esse número aumente exponencialmente nos próximos anos. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2008, foram vendidos mais de sete milhões de computadores no Brasil. Para este ano, a expectativa é que atinja 8,5 milhões.
Estimulados pelo surgimento constante de aparelhos com funções cada vez mais sofisticadas e abrangentes, consumidores trocam celulares e computadores com muita frequência. Verifica-se que as inovações tecnológicas — positivas, por outro lado, vale citar — são também as grandes causadoras deste consumismo eletrônico desenfreado e a consequente — e por que não dizer excessiva — produção de material que se tornará lixo no futuro breve.
Recentemente, o governo de São Paulo sancionou a Lei 13.576/09, que institui como obrigação dos fabricantes, importadores e comerciantes as responsabilidades sobre a reciclagem, gerenciamento e destinação final dos detritos eletrônicos. A medida, que tem como objetivo atenuar os prejuízos ambientais para a sociedade, é muito importante, mas é ainda um passo pequeno perto do que precisa ser feito. Inicialmente, para resultados significantes, a iniciativa deveria ser estendida para todo o País o quanto antes. Precisamos ser consequentes e evitar uma calamidade pública irreparável.
As chamadas nações de primeiro mundo têm se aproveitado da impotência de países mais pobres para enviar e descartar seus lixos – o caso recente no Rio Grande do Sul não foi único. Esse tipo de atitude é inaceitável em um momento em que todos devem praticar medidas para amenizar os impactos ambientais.
Diante deste cenário, torna-se imprescindível que os governos, empresas e população tomem iniciativas mais drásticas — inclusive de comportamento – e criem alternativas para diminuir a ação destes detritos eletrônicos nas nossas vidas e das próximas gerações.
Eduardo Annunciato é presidente da Fenatema (Federação Nacional dos Trabalhadores em Energia, Água e Meio Ambiente) e secretário geral do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo.