O financiamento das campanhas eleitorais é o principal dos muitos problemas do nosso sistema político. Ele é a raiz da corrupção política. Algo que começa errado tem enorme chance de terminar errado.
O chamado caixa 2 das campanhas fez vítimas em todos os partidos de nossa história recente. Para citar os principais, PT, PSDB, PMDB e DEM conheceram a praga das doações ilegais nos últimos anos.
Vai aqui um palavrão: reforma política. Se não dá para fazer uma reforma digna desse nome, governo e oposição deveriam unir esforços para mudar a regra de financiamento eleitoral.
O financiamento público puro é defendido por muitos e também atacado por muitos. Uma pena muita dura, como perda de mandato para quem for pego recorrendo ao caixa 2, talvez possa ser um caminho.
Existe a ideia de misturar financiamento público e privado. Este último com limites baixos para pessoas físicas e jurídicas, como contribuir até um teto de R$ 1 mil por candidato.
Enfim, há propostas em discussão faz tempo. Os escândalos em série sobre financiamento eleitoral são um sinal de que está passando da hora de mudar a forma como os políticos pagam suas eleições.
Constituinte exclusiva?
Vira e mexe, surge a ideia de uma Constituinte exclusiva para a reforma política. A eleição de legisladores que tivessem de seis a nove meses para elaborar novas regras do jogo político.
Este jornalista não tem muita simpatia. O ideal seria o Congresso fazer as mudanças dentro de sua rotina. Mas é uma proposta que vale ser debatida.
Para evitar contribuições diretas a candidatos, grandes empresas passaram a mascarar essas doações com depósitos para os partidos políticos.
Funciona assim. O candidato fulano pede a contribuição. A empresa avisa que vai usar determinado banco para depositar certa quantia na conta do partido em tal data. Aí o fulano vai ao partido e carimba a verba. Diz que a empresa depositou uma bolada que é sua, de mais ninguém.
Isso tem nome: fraude eleitoral.
A Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, parece que pegou um monte delas. Sem falar dos grampos que mostram fortes evidências de doações tradicionalmente ilegais, o velho conhecido caixa 2.
Kennedy Alencar é jornalista e comentarista do telejornal