Não existe política sem visibilidade, nem mídia sem a pauta política. Uma e outra são absolutamente dependentes. A novidade que se observa, no contexto atual da política e a opinião pública, é a questão da vivência. Muito se tem discutido sobre as funções do jornalismo no processo eleitoral. A imprensa, de modo geral, ocupa um lugar relevante para que a população possa conhecer os candidatos e fazer o que poderia ser a melhor escolha. Durante alguns períodos da história brasileira, a imprensa atuou de forma ética, séria, quase como um poder moderador que proporcionava informações à população de forma contributiva, para dar a conhecer os mais diversos segmentos políticos, os mais diversos perfis de candidatos e partidos. Nos últimos anos, isso mudou drasticamente. A imprensa, muitas vezes, está preocupada em defender seus interesses, nada mais do que isso. E a pergunta que se fazem é, qual o governo que manterá as concessões de rádio e TV por séculos dos séculos, amém!? Da imprensa impressa, a pergunta que se faz é, qual governo manterá o pagamento das mensalidades para que não falemos mal ou denunciemos alguns desvios? Ou seja, o papel da imprensa, o papel do jornalismo mudou muito nas últimas décadas. Evidentemente que naquilo que lemos nos jornais, naquilo que assistimos na TV ou ouvimos no rádio, tudo parece ser notícia de interesse público. As manchetes que estampam algum escândalo público atendem, exclusivamente, ao interesse público, é isso que querem que todos pensem. Nesse aspecto, a imprensa brasileira é demagógica, superficial e evasiva. Aparentemente defende o que sua linha editorial entendo como interesse público, mas nas entrelinhas preocupa-se somente com os seus interesses e a permanência do seu status quo. E isso é uma marca muito forte no período eleitoral. Diferentemente da imprensa norte-americana que não tem medo de assumir sua opção político-partidária, a imprensa brasileira “esconde a mão”! Revela-a somente nos períodos eleitorais. Pode-se comprovar facilmente essa situação entre as empresas jornalísticas de Campo Grande. Basta ler a mesma notícia nos vários jornais, telejornais, radiojornais e ciberjornais. Está claro que a imprensa não cumpre seu papel como defensora da sociedade democrática. Não obstante, as reportagens da revista Veja terem denunciado tráfico de influência na Casa Civil do governo atual, ela foi motivada por interesses muito particulares, não exclusivamente pelo interesse do leitor, do público. E nem tudo são flores, mesmo com essa pobreza de princípios, a imprensa tem papel decisivo no jogo político nacional. A história comprova isso. Exemplos com o impeachment de Collor, a derrubada da ditadura Vargas, as denúncias das prisões e torturas durante o regime militar demonstram que, apesar de tudo, a imprensa contribuiu e contribui para a consolidação democrática do país. Uma imprensa livre, um jornalismo livre, com responsabilidade, preparado, com profissionais qualificados no ensino universitário específico em jornalismo são condições básicas para o trabalho da imprensa, para o fortalecimento e a garantia das liberdades democráticas e da democracia no Brasil. Na realidade local, o jornalismo está comprometido. Há inúmeros periódicos que se mantém exclusivamente pela subvenção governamental, seja do poder executivo, seja do poder legislativo. Os gabinetes estão abarrotados de exemplares, edições de, surpreendentemente, mais de uma centena de jornais; folhas que não são vendidas, tampouco são subsidiadas pela economia local. E como se mantem então? Qual é a independência política, ideológica que possuem? A imprensa está comprometida! Não se tem dúvida que há necessidade de um governo em que a ética e a honestidade falem mais alto para que se possa acabar com os sanguessugas que drenam verba pública mensalmente e tiram recursos de mais moradias, novos hospitais, mais escolas. Muitos governos tentaram, até agora nenhum conseguiu, por mais belo e bravo discurso que esbravejem. No que tange o jornalismo consolidado e por mais incipiente que seja, é, sem dúvida, a imprensa uma das poucas maneiras que a sociedade tem para saber, informar e conhecer os meandros do processo político, as riquezas e as misérias da administração pública. A imprensa é uma forma decisiva para que a sociedade conheça um pouco seus políticos e possa optar com o mínimo de risco possível.
Gerson Luiz Martins é professor universitário