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O Psicopata pode estar ao seu lado

A Psicopatia, também conhecida como Sociopatia, atinge 1% da população, sendo um desafio para a ciência, até então. Sem tratamento, a patologia possui uma estatística interessante. Mostra que a manifestação é na maioria em homens do que em mulheres, na proporção de três para uma. Esta estatística é baseada no fato da mulher ser mais sutil e o homem mais violento e impulsivo. Os primeiros sintomas começam a tornar-se visíveis a partir dos 15 anos, sendo que em alguns casos, possam ser identificados na infância.
Há uma idéia fantasiosa de que todo psicopata é violento. Apenas alguns indivíduos com desvio psicológico são agressivos. Podemos estar convivendo diariamente com um psicopata sem nem mesmo percebermos atitudes diferenciadas de um comportamento normal.
Mas, para sabermos se nosso colega de trabalho, de escola, namorado ou mesmo pessoa de nosso meio familiar é um psicopata, devemos nos ater aos hábitos, vida pregressa e, principalmente, ficarmos atentos ao costumeiro jogo de se fazer de vítima, se portando como “coitadinho”. Os psicopatas costumam ser muito habilidosos e abusam de nossa boa fé. Possuem um grandioso sentimento de auto-estima.
Segundo o Psicólogo canadense Robert Hare, a psicopatia não é uma categoria descritiva, mas uma medida, que pode variar para mais ou para menos. Robert Hare está desenvolvendo uma terapia para tratamento da psicopatia que visa à redução de danos. Objetiva ao paciente da patologia o entendimento de que pode fazer algo que lhe satisfaça, lhe dê prazer, sem prejudicar os outros.
Já o integrante da equipe do Setor de Psicopatologia Forense do Instituto Médico Legal de Goiás e da Junta Médica do Tribunal de Justiça, o psicólogo forense Leonardo Ferreira de Faria destaca que os psicopatas são divididos em duas categorias: a dos mais e a dos menos evoluídos. Segundo Faria, o que vai determinar o grau ou tipo de comportamento antissocial é a educação que ele receberá da família.
A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro Mentes Perigosas – O Psicopata Mora ao Lado, afirma que o doente mental é o psicótico, que sofre com delírios, alucinações e não tem ciência do que faz, sendo incapaz de experimentar emoções e sentimentos como o amor, a tristeza, o medo e a compaixão. Ele não sente piedade e nem remorso na dor alheia que possa vir a provocar.
Estudo do psiquiatra americano Michael Stone aponta que 90% dos serial killers são psicopatas e que 20% da população carcerária seja formada por psicopatas.
Comprovado por estudiosos, os sintomas principais que um psicopata apresenta são: ausência de culpa, habilidade em mentir, facilidade em manipular, possuidor de alto grau de egoísmo, inteligência acentuada com QI acima da média, ausência de afeto, impulsividade, se isolam com frequência, níveis de ansiedade e nervosismo acentuados, geralmente não tem um plano de vida, abuso de alcool e droga e promíscuo comportamento sexual.
Porém, nem todos os assassinos são psicopatas e nem todos os psicopatas chegam a ser assassinos, ou mesmo fisicamente violentos.
A Psicologia Criminal nada mais é que o estudo do comportamento, pensamento, ou seja, ação e reação dos criminosos e está relacionada com a área da antropologia criminal.
A Psicologia criminal é conhecida como o profiling dos delinquentes e teve início em 1940 quando o psiquiatra Willian L. Langer foi encarregado por um Escritório de Serviços Estratégicos nos Estados Unidos para elaborar um perfil de Adolf Hitler.
Mas a psicologia criminal só teve destaque quando o FBI abriu uma unidade de análise comportamental, em Quantico, na Virgínia, sendo criado, posteriormente, o Centro Nacional de Análise de Crimes Violentos.
Dentre os estudiosos sobre a forma de tratamento dos crimes pela psicologia e psiquiatria, Michel Foucalt criticava e tinha como tese que o sistema penal punia a pessoa e não o crime em si, sendo criado desta forma, o conceito de “pessoa perigosa”.
A expressão psicopatia pode ser entendida de duas formas: uma, no sentido jurídico, é tida como “transtorno de personalidade psicopata”; a outra, é usar exclusivamente como comportamento definido psychophathy Checklist-Revised (do psicológo canadense Robert D. Hare) e se confunde muitas das vezes com psicose.
A psicopatia tem sido um verdadeiro desafio para a psiquiatria forense, tanto pelo despreparo em identificar os portadores do transtorno, como no auxílio à justiça sobre onde e como tratá-los.

Maria de Fátima Belchior, Investigadora Judiciária da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul