De 13 a 22 de junho, o Rio de Janeiro será palco de uma das maiores discussões sobre meio ambiente, sustentabilidade do planeta e redução da pobreza do mundo. Duas décadas após a realização da Rio 92, ocasião em que o mundo todo reconheceu que a Terra estava em perigo, uma nova Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável fará um balanço das conquistas e levantará elementos para mudar a sociedade nas próximas décadas. Os olhos do mundo novamente estarão voltados ao Brasil.
Cerca de 50 mil participantes, entre ambientalistas e importantes líderes políticos de mais de 100 países estarão reunidos para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. Nos vintes anos que sucederam a Rio 92, temos visto os sinais de esgotamento dos recursos naturais e a ação da natureza, implacável à interferência humana que desequilibra o meio ambiente: poluição das águas e do ar, desmatamento, extinção de grande parte da fauna e da flora, inundações, secas.
Estudos apontam que, passados vinte anos, o mundo emite 40% mais gases poluentes, as florestas diminuíram 3 milhões de metros quadrados, o planeta perdeu algo em torno de 12% da sua biodiversidade, o número de pessoas vivendo em cidades, que consomem 75% da energia do planeta, aumentou 45% e a produção de comida, que consome a maior parte da água doce do planeta, também aumentou 45%.
O que se avalia de positivo é que de lá para cá, a ecologia passou a fazer parte do cotidiano das pessoas. A preservação ambiental foi elevada ao mais nível mais elementar de discussões. O meio ambiente foi inserido como tema essencial na educação das crianças. Ou seja, as pessoas estão mais conscientes de seu papel. Contudo, ainda há muito que se mudar.
A transformação da economia será um dos temas que pautarão a Convenção das Nações Unidas. Atualmente, ela é considerada poluidora e insustentável. Relatório da Organização Mundial do Trabalho divulgado no dia 31 de maio aponta que a transformação da economia atual poderá gerar até 60 milhões de empregos ao redor do mundo nos próximos 20 anos. No Brasil, um dos países que possui a matriz energética mais limpa do planeta, 913 mil pessoas são empregadas no setor, sendo 889 mil na geração de biocombustíveis.
Neste contexto, cabe avaliar o que temos feito, profissionais da área tecnológica, no sentindo de estimular uma mudança no cenário atual.
A utilização de materiais alternativos e de técnicas construtivas capazes de proporcionar o uso eficiente de energia ou o aproveitamento de águas pluviais, por exemplo, tem sido pauta constante de discussões envolvendo profissionais das engenharias. No entanto, há que se considerar que é preciso promover uma mudança, devolvendo à natureza, em dobro, o que retiramos dela, ou ainda, produzindo tecnologias suficientes e capazes provocar cada vez menos danos ao meio ambiente.
Serão 102 chefes de estado e 176 países representados na Conferência. Os líderes do grupo dos países em desenvolvimento formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) já anunciaram que vão comparecer. Ainda não se confirmou, oficialmente, a presença de Barack Obama.
Acreditamos que este evento represente um marco no que se refere à preservação do meio ambiente e das milhares de vidas do planeta e, principalmente, dignifique a vida de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. Assim como a Rio 92 representou um marco para tantos jovens, acreditamos que esta nova Conferência marque não somente a renovação de pensamentos e atitudes de grandes lideranças, mas principalmente, de jovens que preparam-se para construir o futuro do nosso planeta.
Jary Castro é engenheiro, presidente do Crea/MS e e representante do Colégio de Presidentes do Sistema Confea/Crea na Rio+20