* Débora da Silva Benevides: Acadêmica do curso de Administração – Campus de Três Lagoas/MS.
* Carolina Lemes Runichi: Acadêmica do curso de Direito – Campus de Três Lagoas/MS.
* Marçal Rogério Rizzo: Economista eProfessor do curso de Administração da UFMS – Campus de Três Lagoas/MS.
Apesar de vivermos em pleno século XXI e nos depararmos com diversas campanhas de conscientização contra as várias formas de preconceito, infelizmente ainda é comum esse tipo de atitude. O que chama atenção são os diversos casos de injúria racial que rotineiramente aparecem nos noticiários e que tomam grande repercussão.
Recentemente muitos brasileiros chocaram-se e indignaram-se com a atitude de Patrícia Moreira, torcedora do Grêmio que ofendeu o goleiro Aranha – do Santos Futebol Clube – ao chamá-lo de macaco. Por isso (e por outros atos racistas cometidos por outros torcedores), o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) eliminou o Grêmio da Copa do Brasil. Esse episódio ainda ecoou na partida entre Santos e Flamengo, onde os rubro-negros convocaram a todos para cantar: "Sou rubro-negro / Me chamam de favelado, pobre e negro / Não importa a cor da pele, só o sentimento" (trecho do hino rubro-negro) em protesto à atitude dos torcedores do Grêmio.
Porém o preconceito já é um velho conhecido do futebol, que antes era praticado somente pela classe alta e por brancos. Os jogadores negros chegavam a passar pó de arroz no rosto para fingirem ser brancos e, assim, com muita sorte talvez, conseguir realizar o sonho de ingressar em algum time de futebol, já que a maior parte dos clubes proibia negros entre seus atletas.
Até hoje os brasileiros que vão jogar na Europa são alvo de constantes agressões verbais e, na maioria das vezes, são chamados de macaco; um bom exemplo seria o de Daniel Alves que tratou o tema com uma pitada de humor quando, ainda no começo desse ano, um torcedor do Villareal atirou-lhe uma banana que foi descascada e comida pelo jogador ali mesmo. Sua atitude foi comentada por todo o mundo e outros atletas famosos, como Neymar, compartilharam a hashtag #somostodosmacacos em apoio ao atleta. O torcedor que praticou o ato de racismo já foi encontrado e banido para sempre dos jogos na casa do Villa.
O futebol, principalmente no Brasil, não é somente uma simples forma de praticar exercícios físicos, ele é visto como uma válvula de escape para muitas crianças e jovens de classe social menos abastada que crescem sem muitas perspectivas na vida. O futebol pode ser a única oportunidade de ascensão social. Possui caráter de inclusão e integração social, claro, além dos benefícios para a saúde. Ele é uma forma de socializar-se desde as conversas entre amigos e conhecidos, tendo como pauta a rodada do final de semana até mesmo o joguinho entre amigos do final de tarde. Com toda essa importância que o futebol tem para os brasileiros, fica difícil entender o motivo pelo qual as pessoas tentam constantemente denegrir a imagem deste esporte, com atitudes desprezíveis dentro dos estádios.
Fazendo coro que a questão do preconceito no futebol, e no esporte em geral, como já dito, é muito antiga e preocupante, porém combatê-la vai muito além de banir um torcedor do estádio ou um time de uma competição: a postura de todos deve ser repensada, evoluímos muito, mas estamos muito aquém do ideal, ainda há muito trabalho de conscientização a ser feito.
Perfeito seria o dia em que estádios estariam lotados por torcedores sensatos, que vibram conscientes, onde famílias poderiam torcer por seus jogadores e times, cantar seus hinos e entoar os nomes de seus atletas preferidos, sem violência, sem preconceito e principalmente sem racismo.