Resgatar o respeito, o prestígio e até o glamour da carreira do magistério é o primeiro passo para uma significativa melhoria em nosso combalido sistema educacional. A desvalorização do professor é o principal limitador para que os nossos mais talentosos alunos abracem a sublime missão de legar uma geração melhor que a nossa.
Em subsequentes anos e salas distintas do ensino médio, refaço a mesma pergunta:
─ Quem de vocês quer ser professor?
A resposta é previsível: nenhum ou no máximo dois alunos por sala erguem corajosamente a mão. Tal resultado coaduna-se com a pesquisa da Fundação Victor Civita: apenas 2% dos 1 500 jovens entrevistados querem ser professor.
Colocando o dedo na ferida – e isso dói – há razões para esse despautério que deve ser compartilhado pelos governos, famílias e docentes. A principal jóia da coroa de uma estrutura educacional deve ser a sala de aula. Esses são os metros quadrados mais nobres, e quando o seu entorno não é bom a sala também é maculada.Aos governantes compete instituir planos de carreira estimuladores, nos quais se estabeleçam critérios de meritocracia. “A universalização do Ensino Fundamental no Brasil foi feita à custa dos baixos salários dos professores” – opina enfaticamente Célio Cunha, da UNESCO.
O respeito à hierarquia e às normas da escola carece da efetiva participação dos pais para que a boa rotina escolar não seja comprometida. Quando famílias e alunos de bem se omitem, a alegoria é de duas trincheiras opostas: numa, professores e gestores e, na outra, alunos indisciplinados, perniciosos e pais ou permissivos ou agressivos.
No resgate do prestígio da carreira do magistério, o mais relevante é a postura e o profissionalismo do docente: manter-se atualizado nos avanços da sua matéria e das novas práticas e tecnologias educacionais, aula bem preparada para o enlevo da motivação e disciplina, além de um bom nível de exigência no conteúdo, a fim de promover nos educandos bons valores, autonomia e autodidatismo.
No Brasil, quando se fala de status remete-se ao professor de cursos pré-vestibulares. São bons didatas, alunos motivados, estrutura física e tecnologia excelentes, salários elevados, 60 dias de férias e ambiente de glamour. Um colega meu, professor de Matemática, fazia galhofa: “é tão bom dar aulas em cursinho e ainda somos pagos”. Para mestres e alunos, um bom ambiente escolar é um ganha-ganha, é uma terapia.
Para finalizar, reitero a conhecida frase de D. Pedro II, que bem demonstra o enlevo da profissão: “Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro.”