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Opinião

O respeito à diversidade

Durante muito tempo, a diferença foi tida como algo ruim em nosso país e no mundo. Embora o Estado seja laico, e, portanto, não possua uma religião oficial desde 1891, estereótipos foram aceitos e considerados comuns por centenas de anos. Fugir dos padrões era algo inaceitável, punido muitas vezes com a morte, como ocorreu na II Guerra Mundial, fato que ainda atinge alguns países no mundo, sobretudo onde a religião e o Estado ainda estão muito ligados.

Homossexuais, afrodescendentes, mulheres, crianças, idosos, estrangeiros, menos afortunados, portadores de necessidades especiais, enfim, aqueles que fugiam da regra imposta pela sociedade eram marginalizados, não tinham direitos, eram tratados como “coisa”. Immanuel Kant, alemão e importante pensador que viveu no século XIX, foi um dos primeiros a defender a “tese” de que seres humanos têm dignidade e objetos têm preço, não podendo ser invertida a ordem desses “fatores”.


A diversidade está presente em nossas vidas, e podemos identificá-la, diariamente, no ambiente de trabalho, na família, nos amigos, e até mesmo nas redes sociais. Quando nos referimos à diversidade, logo pensamos em diversidade cultural, social, racial, porém “diversidade” é um termo de escopo muito mais amplo.


A globalização e o capitalismo fazem-nos conviver com as diferenças, e nós devemos estar preparados para entender e aceitar as inúmeras formas de pensar, agir, e crer. A diversidade engloba diferentes opiniões ou pontos de vista sobre determinado assunto e inclui hábitos, costumes, comportamentos crenças e valores. É difícil nos colocarmos no lugar do outro, tentarmos entender os pontos de vista e crenças, tanto que criaram até um ditado: “Futebol e Religião não se discute”; respeita-se.


Desde cedo, nossos pais e avós nos ensinam questões de moral, valor, ética, cultura, entre outros; todos moldam nossa personalidade. Muitas coisas ficam enraizadas na nossa mente, criando bloqueios para a compreensão do novo, do diferente, e por fim acabamos criando alguns estereótipos ao pensar no diferente.


Hoje, temos cada vez mais contato com culturas e costumes diversos, e é importante que saibamos utilizá-lo para nosso crescimento pessoal, fazer novas amizades, ter uma visão mais ampla sobre determinados assuntos. E o mais importante: Devemos saber respeitar as características de cada um, para assim termos um país mais humano e justo.


A Constituição Federal de 1988 foi um grande divisor de águas em nosso país com relação à amenização de preconceitos e discriminações, já que aponta a igualdade entre todos como um direito e garantia fundamental, proibindo e punindo qualquer tipo de discriminação, preconceito e falta de respeito para com o outro.


Após a Constituição, diversas outras leis de proteção de todos têm sido aprovadas, como, por exemplo, o Estatuto do Idoso, a Lei Maria da Penha, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto da Igualdade Racial, entre outros. 

Para que uma lei de fato seja aplicada e respeitada, não basta, entretanto, o medo da represália; é imprescindível a mudança de atitude, a consciência de que somos todos iguais em direitos e deveres, o respeito pelas diferenças, uma vez que é a diferença que torna o mundo admirável, em constante evolução e aprimoramento. E negar a existência das diferenças é abdicar da humanidade existente em cada um de nós. Afinal, como já disse Almir Sater: “[…] Cada um de nós compõe a sua história / Cada ser em si, carrega o dom de ser capaz / E ser feliz […]”

*Isabela Cristina da Silva Alves: Acadêmica de Administração da UFMS – Campus de Três Lagoas (MS). Caroline Leite de Camargo: Bacharel em Direito pela UFMS – Câmpus de Três Lagoas (MS) e Diretora do Instituto Três Lagoas de Educação Profissional