A epígrafe acima é da autoria do jornalista Jorge Moreno, da equipe de escol do Jornal O GLOBO. Cuiabano da gema, conheci-o nos corredores do Congresso Nacional quando iniciava sua hoje respeitada carreira, lá pelo início da década de oitenta do século passado. Moreno, agudo e perspicaz ao focalizar os problemas políticos da época, logo passou a ser recebido, com mais intimidade, por grandes lideres políticos, dentre os quais, o deputado dr. Ulisses Guimarães. Dessa intimidade que surgiu s estória do “santo de bordel”, relatada recentemente por Jorge Moreno em artigo publicado pelo O GLOBO.
Aqui, a estória em resumo: certa vez, reunida a comissão executiva do MDB, alguns membros desejavam acompanhar o governo militar em certa matéria em votação no Congresso e cuja atitude foi veementemente reprovada pelo dr. Ulisses, que esbravejou: “programa do partido não pode ser feito santo de bordel”. Indagado pelo jornalista Moreno, o velho Ulisses explicou a razão do pecaminoso termo: as prostitutas, após prestar “serviços” ao seu cliente, guardam o dinheiro numa gaveta e acendem uma vela para o “santo” que está sempre à cabeceira, que a tudo assistiu. Moral da estória: transgredir norma partidária, votar em candidato que sabidamente é ficha-suja (não só porque molhou a mão com dinheiro público, mas também porque no passado procurou subverter a ordem constitucional) e depois se justificar que o fez certo de que será perdoado pelo “santo”, é desejar muito dele!
A lição do velho Ulisses não vale mais. Hoje transgredir as normas partidárias votando ou pretendendo votar nas eleições em candidatos de outros partidos ou coligações opostas, sendo candidato de outra legenda, fazendo “dobradinhas”, é um fato comum até porque o “santo” (a direção partidária) a tudo vê, a tudo ignora, tudo porque a ordem política está esgarçada neste País – onde tudo vale…
Aproveitando da oportunidade. Por longos anos exerci mandatos parlamentares e uma intensa vida política; em razão tenho sido nestes momentos de incitação eleitoral constantemente indagado sobre a realidade das pesquisas de intenção de votos publicadas pela mídia. Sinceramente nunca as levei a sério, em termos de valores absolutos; mesmo as chamadas “margens de erro”, na verdade aproximação de desculpa que objetivam, sobretudo, enganar o eleitor. No universo tão imenso de eleitores – mais de 120 milhões – não são algumas centenas ou milhares de “possíveis” pesquisados que definam a tendência em favor deste ou daquele candidato. Isto é estranho, estranho porque a observação não é só de minha parte, vem de pessoas de todas as classes sociais, inclusive daqueles que estão convictos saudando uma eventual vitória do Luiz Inácio e sua trupe… de fascistóides.
Termino, me permitindo reproduzir ipsis literis o epílogo do significativo artigo do jornalista Jorge Moreno que pisa no calcanhar (de Aquiles) do PMDB de Temer, cuja aliança com Lula é comprometedora: “mal sabia o dr. Ulisses que um dia o seu partido não seria mais nem santo, mas a dona do bordel”.
É isso ai.
Ruben Figueiró de Oliveira é suplente de senador (PSDB – MS)