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Opinião

O temor de 2015

Mais do que tudo, a crise é institucional

* Ruben Figueiró é senador e presidente de honra do PSDB-MS

 

Estamos vivendo aquele período de festas, tradicional nos meses de dezembro. Todos se confraternizam, o clima é de esperança em um Ano Novo próspero, cheio de alegrias e realizações. Parece até que poderemos apagar os erros do ano vigente e recomeçar, como se um verdadeiro manto de boas venturas caíssem sobre nossas cabeças.

Isso pode até acontecer e desejo que assim o seja quando se trata da vida pessoal de nossos concidadãos. Mas, ao analisar a realidade do país, penso que a previsão mais positiva de qualquer vidente não conseguirá alcançar tanto otimismo.

Não sei por que (ou melhor, sei), diferentemente das outras ocasiões, eu não me sinto empolgado pelas perspectivas de um possível venturoso 2015. Creio, também, que esta tem sido uma constante impressão de todos os brasileiros, que alias, têm como característica atávica a esperança de que o futuro será melhor.

Encontro-me em clima morno. Não desejo que as coisas fiquem ruins, pelo contrário, porém, não creio que sejam risonhas para todos. Pretendo como despedida de 2014, pelo menos por meio destes escritos, trazer à colação algumas observações quanto ao que poderia ocorrer no curso do próximo ano, tendo por estamento os argumentos que hoje estão postos à baila.

Faço uma reflexão sobre as três crises de 2015: a econômica, a moral e a política. Crises estas que deverão se intensificar, pois já estão aí há um tempo significativo.

Quem acompanha minimamente as notícias já percebeu que 2015 não há grandes esperanças de ser próspero. A combinação de baixo crescimento, juros elevados, inflação indomada, preços retesados, queda no consumo e estratosférico endividamento das famílias prenunciam momentos complicados. Associado a isto, temos um governo irresponsável que gasta mais do que tem e resolve com “maquiagem contábil”. Foi o que ocorreu quando a senhora presidente chantageou o Congresso Nacional em troca da aprovação de um projeto que garantiu o chamado “ajuste fiscal”. O que o governo federal fez foi uma irresponsabilidade porque não apenas desrespeitou como abriu um precedente perigoso nos âmbitos estadual e municipal ao praticamente rasgar a Lei de Responsabilidade Fiscal.

A segunda crise, a moral, se intensifica com os desdobramentos do Petrolão, considerado pelo The New York Times o maior escândalo de corrupção ocorrido em um país democrático na história do mundo moderno. Dá profunda tristeza ao sermos surpreendidos com cada nova revelação do modus operandi desta quadrilha que tomou conta da administração pública brasileira.

Na confluência destas duas crises, viveremos a crise política de grandes proporções. Uma vez que estamos a guarda da efetiva punição do núcleo político do Petrolão. Mais do que tudo, a crise é institucional.

Por isso espero como resposta uma Reforma Política efetiva que permita o congraçamento de várias tendências, inclusive para permitir a discussão de ideias como a eleição distrital; novas regras para a constituição de partido político, a fim de evitar a proliferação ainda maior de legendas de aluguel; o financiamento de campanha; o fim da reeleição para cargos do Executivo; a limitação em no máximo três mandatos para os representantes dos Legislativos, etc.

É inegável que a confluência destas três crises – econômica, moral e institucional – marcará o ano de 2015. Esse momento só será ultrapassado com transparência, posições coerentes e mudanças de verdade. O papel do novo Congresso Nacional será fundamental nesta missão.