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Os idosos e o calor

Pesquisadores da USP realizaram um experimento para avaliar os efeitos do clima na saúde humana, em especial, das pessoas mais velhas. É uma pesquisa de grande interesse para a saúde pública, pois a população idosa aumenta e também estamos vivendo dias cada vez mais quentes e nenhum estudo foi feito sobre o impacto das mudanças climáticas. O estudo compõe a tese feita pela médica Beatriz Trezza.

O aquecimento global está acontecendo, independente de ser por causas humanas ou naturais. Em São Paulo, por exemplo, o Instituto de Agronomia e Geofísica fez uma análise da evolução da temperatura média anual e mostra que as temperaturas médias, máximas e mínimas tendem aumentaram ao longo dos últimos 80 anos. 

No experimento da doutora Beatriz, 68 idosos, de diferentes condições físicas, sexos e classes sociais, foram alocados dentro de uma câmara climática, que permitia a regulação de condições ambientais, como temperatura e umidade do ar. Para que os voluntários se sentissem à vontade, a câmara simulou uma sala de estar, com poltronas. Os idosos foram divididos em grupos, que se submeteram a diferentes condições climáticas. As temperaturas, por exemplo, variaram entre 16ºC e 32ºC, enquanto a umidade do ar oscilou entre 30% e 70%.

Após as sessões de adaptação do corpo à combinação de fatores ambientais, os grupos tiveram avaliadas suas capacidades física e mental, através de testes cognitivos, de equilíbrio ou de força, e foram questionados sobre possíveis desconfortos.

A pesquisa mostrou que os idosos tiveram problemas quando submetidos à combinação de altas temperaturas e umidade, exceto para os praticantes regulares de atividades físicas. E mostrou ainda que o sistema termorregulador do nosso corpo torna-se menos eficaz com o tempo, um grave problema de saúde pública, já que o calor causa desidratação e hipertensão, entre outros.

O calor também é a causa de doenças, como dengue, chikungunya e zika, cujo mosquito se desenvolve apenas em condições tropicais. E, países tropicais como o Brasil, são menos desenvolvidos, com difíceis condições econômicas, logísticas e tecnológicas. Que as autoridades acordem para o problema.

*É cientista e professor.