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Os vilões da juventude

  O cigarro sempre foi um dos vilões na luta contra o consumo de drogas, lícitas e ilícitas. Anúncios publicitários na televisão com músicas de rock, imagens paradisíacas e gente saudável eram reflexos de uma época em que o tabaco reinava entre os jovens. Essa situação, felizmente, vem mudando a cada ano. Pelo menos, é o que comprova uma pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). O número de fumantes na cidade de São Paulo caiu de 2,31 milhões em 2010 para 2,14 milhões no fim do ano passado. São menos 175 mil fumantes nas ruas, algo como três estádios do Morumbi lotados. A tendência de queda já vem sendo registrada há anos. De 2006 a 2011, os fumantes brasileiros diminuíram de 16,2% para 14,8%, de acordo com o Ministério da Saúde.

Apesar de lícito, o tabaco não deixa de ser uma droga perigosa. Causa dependência e muitos problemas à saúde, sendo até uma das maiores causas de mortalidade no mundo, segundo pesquisas sobre os efeitos das drogas. Mas graças às políticas antifumo, a proibição de cigarros em locais públicos fechados, o fechamento dos maléficos fumódromos e a maior conscientização das pessoas, esse mal caminha, quem sabe, para um dia cair no ostracismo.

Já entre as drogas ilícitas – maconha, cocaína, crack, alucinógenos, entre outras –a situação é bem outra. Segundo dados da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, 31,6% dos jovens entrevistados nas escolas públicas de Brasília admitem já ter consumido drogas, pelo menos uma vez. E o mais preocupante da pesquisa é que 10,2% dos usuários têm idade entre 10 a 12 anos. Diferentemente do cigarro, a proporção dos estudantes brasilienses que consomem droga poderosa como a cocaína aumentou, passando de 1,8% em 2004, para 4,1% em 2010. 

Neste mês em que se comemoraram os 25 anos da instituição do Dia Internacional de Combate às Drogas pela Organização das Nações Unidas (ONU), o alerta continua. De acordo com números da ONU, há mais de 200 milhões de usuários de drogas no mundo, dos quais 40 milhões são dependentes.

Como forma de desmistificar as drogas com informação e esclarecimento, o CIEE, em conjunto com a Senad, promove, há 12 anos, uma campanha nacional nas instituições de ensino superior. As entidades levam às universidades especialistas para abordarem a questão sob vários pontos de vista, promovendo a conscientização dos jovens, uma das melhores armas para a redução do consumo e do tráfico.

* Luiz Gonzaga Bertelli é presidente Executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.