Num quadro global ameaçador, fica mais distante um cenário econômico atopetado de inflação. Apesar disso, nota-se que as autoridades monetárias sempre a colocam no centro da agenda econômica. Evitar a inflação é uma das principais regras do jogo. Quem não tem o mínimo de conhecimento em economia poderia até dizer que existe um quê com essa tal inflação, entretanto, à luz de um passado não tão distante, ela foi considerada uma das grandes vilãs da economia brasileira.
Já que estamos falando nisso, o que seria inflação? De modo sucinto, é o aumento geral e constante dos preços. Analisando-se por outra perspectiva, também seria cabível a definição de que se trata da diminuição persistente do poder aquisitivo da moeda, provocado por alguns fatores que serão vistos no decorrer deste ensaio.
As causas podem ser variadas. Historicamente, tivemos a emissão exacerbada de papel-moeda, que “inflava” o mercado com o alto volume de dinheiro, causando, assim, o aumento dos preços. Essa incongruência resume-se em mais dinheiro na mão dos consumidores e, como conseqüência, aumento no consumo e alta nos preços, uma vez que se tratava de uma medida descontrolada do volume de meios de pagamento por parte do governo. Emitir moeda era menos impopular que aumentar impostos ou emitir títulos da dívida do governo.
Outra causa que leva um país à instabilidade econômica é o aumento nos custos de produção dos alvitres finais. Esses valores serão repassados, acarretando, de tal modo, a inflação. Imaginem se o barril do petróleo tivesse um aumento considerável; o que seria dos preços dos produtos? Certamente os preços se elevariam.
Por fim, ainda temos como causa a elevação na demanda por bens de consumo e serviços que, sendo superior à capacidade produtiva do país, provocará inflação. Pensem: Uma parcela considerável da população vai ao mercado adquirir produtos e não há possibilidade de atender a todos. O que os empresários fariam? Seguramente elevariam seus preços!
Para se chegar ao percentual inflacionário, existem vários fatores a serem calculados. No Brasil, vários índices medem a inflação, tais como o IGP (Índice Geral de Produtos), o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), o INPC (Índice Nacional dos Preços ao Consumidor), entre outros. O mais relevante é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE. Tal medidor considera as necessidades médias de famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos, refletindo, desse modo, o custo da vida social.
Aparentemente, para a população mais jovem, vivemos em um Brasil sem inflação, contudo o Brasil já atravessou sérias crises inflacionárias. Nas décadas de 1980 e começo de 1990, época dos planos Cruzado, Bresser, Verão, Collor e Collor II, os índices chegaram a ultrapassar 2.000% (dois mil por cento) ao ano. A situação só foi normalizada com a edição do Plano de Estabilização Econômica e do Plano Real, preparando a economia para uma nova troca de moeda e, consequentemente, desacelerando os preços dos produtos.
Na realidade, em um Estado com economia aquecida, em pleno desenvolvimento, esse instituto é inevitável, no entanto o grande problema é o descontrole inflacionário. E essa deve ser a meta governamental: manter a inflação em patamares aceitáveis, que não obstem o crescimento econômico e o desenvolvimento populacional de modo que se permita o planejamento e organização, tanto por parte das empresas como por parte das pessoas.
Quando se fala em inflação exagerada, a alta do salário não acompanha a subida dos preços dos bens de consumo. O maior prejudicado, certamente, será a população de baixa renda. Com a queda do poder aquisitivo da moeda, o trabalhador, que já não dispõe de muito dinheiro, vê-se ainda mais “empobrecido”. Nesses casos, muitas vezes o indivíduo acaba não possuindo condições para prover a própria sustentação básica, o que desencadeia vários outros problemas sociais.
Destarte, o processo inflacionário, infelizmente, é algo corriqueiro em países em desenvolvimento, no entanto seu descontrole é extremamente prejudicial à economia nacional, devendo ser tratado de maneira especial pelas políticas governamentais. Assim, nosso país deve ter bom senso e continuar tomando os devidos cuidados com a inflação.
Angélica Bento Pereira: Acadêmica do Curso de Administração da UFMS – Campus de Três Lagoas/MS. E-mail: [email protected]
Marçal Rogério Rizzo: Economista e Professor Doutor da UFMS – Campus de Três Lagoas/MS. E-mail: [email protected]