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Pandemia, home office e a migração para o interior

Leia o artigo de Márcia Maria Rosa

Leia o artigo de Márcia Maria Rosa - Divulgação
Leia o artigo de Márcia Maria Rosa - Divulgação

A Covid-19 impactou significativamente a vida das pessoas, especialmente nos grandes centros urbanos. Com restrições em relação à convivência, redução de jornadas de trabalho, desemprego crescente, escolas fechadas, parques com restrições, eventos cancelados e outros tantos espaços e serviços, as pessoas passaram a repensar suas experiências, e buscar alternativas diante dos impactos sociais e econômicos. Tudo isso, acelerou o fluxo de migração da capital para o interior.

Essa migração também revela a busca por novos padrões de relacionamento e qualidade de vida, como a possibilidade de inserir na rotina mais tempo à convivência diária com a família, lazer, prática de esportes e menos tempo em deslocamento para o trabalho, ou demais situações.

Importante destacar que diante da pandemia do coronavírus, 11% dos trabalhadores ativos no Brasil exerceram suas atividades profissionais de forma remota. É o que aponta um estudo divulgado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).  Naquele período, 74 milhões de brasileiros estavam trabalhando no país e, dentre eles, 8,2 milhões atuavam na modalidade conhecida como home office.

Do total de profissionais em home office no ano passado, 4,7 milhões são da região sudeste, o que corresponde a quase 60% (58,2%) nesta modalidade de trabalho. Por atividade profissional, o estudo apontou que em média, 51% das pessoas da educação privada estavam em trabalho remoto.

Os dados utilizados no estudo do Ipea foram coletados por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), realizada pelo IBGE, entre maio e novembro de 2020.

Nesse cenário, as pessoas estão buscando alternativas para convivência em família, sem grande aglomeração, ocupando imóveis com mais espaços de lazer, o que o interior tem em abundância para oferecer, com valor mais acessível.

Em São Paulo, em 40 anos, a população fora da capital paulista saltou de 16,4 milhões de habitantes para 32 milhões, um aumento de quase 97%. O número de domicílios, em 25 anos, mais que dobrou e são mais de 11 milhões de casas espalhadas pelo interior.

Além de desacelerar a vida, muitas cidades menores se destacam pela qualidade da educação oferecida em escolas públicas e privadas. De acordo com o estudo Desafios da Gestão Municipal (DGM), da consultoria Macro Plan, que apresenta uma análise da evolução recente das 100 maiores cidades brasileiras, nenhuma das cinco primeiras colocadas são capitais. O estudo reúne 15 indicadores em quatro áreas essenciais para a qualidade de vida da população: educação, saúde, segurança e saneamento e sustentabilidade.

A maior parte dessas cidades consegue manter a variedade na oferta de empregos e estrutura, sem os problemas acentuados pelos grandes centros populacionais. Como forma de comparativo, a capital São Paulo está na 72ª posição desse mesmo ranking, atrás de cidades como Piracicaba e São José dos Campos.

Obviamente, os problemas das grandes metrópoles são mais complexos e com resoluções mais demoradas que cidades menores. Porém, ficar mais em casa possibilitou mais tempo para o diálogo com os familiares e a abertura para outras perspectivas de vida, como matricular os filhos em uma escola menor, perto de casa, na qual todos se conhecem e interagem.

O isolamento e a necessidade do trabalho em casa fez com que novos sonhos ganhassem força no coração de muitos brasileiros. Parece-me que, para afagar esse desejo de mudança, só um olhar para o interior pode ser a solução.

* Márcia Maria Rosa é Diretora Educacional da área de Educação Básica do Grupo Marista, responsável pela gestão das unidades dos Colégios Maristas, Marista Escolas Sociais e Escolas Champagnat, somando 41 unidades.