Bem aventurados os estudantes que lutaram por um Brasil melhor! Sempre foi com orgulho e emoção nos olhos que nossos professores de história contaram suas derrotas, vitórias, prisões e batalhas quando estavam à frente de movimentos estudantis no passado. Eram orgulhosos de lutarem pela democracia e qualidade de ensino. Mas, hoje, eles choram! As lágrimas escorrem a cada palavra de algum manifestante da balbúrdia que virou parte da Universidade de São Paulo em plena Era do Conhecimento. Mas que seria o motivo?
Esqueça tudo que você aprendeu na escola, leu nos livros, assistiu nos documentários ou, se for um pouco mais velho, presenciou a luta dos movimentos sociais e revoluções estudantis. Esqueça as faixas pelo “O petróleo é nosso!” ou pelas “Diretas Já!” e até mesmo “Fora FMI”. Esqueça a União Nacional dos Estudantes (UNE), aquela desvinculada do governo. Aliás, a UNE agora nada mais é do que uma mera administradora de carteirinhas, que só servem pra garantir a “meia entrada” no cinema. A revolução agora é outra, ao menos é o que eles próprios disseram na mídia!
A rebelião agora é pelo descumprimento da lei e a favor do uso de entorpecentes dentro de instituições de ensino. E a partida desses “novos rebeldes”, só que desta vez, rebeldes sem causa. Tudo começou na mais cara e renomada universidade do país: na USP. Isso mesmo, na USP! Universidade tida como berço de nomes importantes da intelectualidade e da política brasileira e que possui alunos que poderiam ser a futura elite socioeconômica e política do Brasil. No entanto, o que parece é que parte deles só quer “fumar” o cigarrinho do capeta. Será que esses “novos rebeldes” teriam coragem de reagir a um sistema de exceção que prendeu, torturou, exilou e até matou muitas pessoas dentro e fora dos quartéis?
A intenção aqui não é criticar as aspirações do grupo, afinal a Constituição Federal permite a liberdade de pensamento, e muito menos criticar ou elogiar a liberação da maconha, que não é assunto para agora. A crítica é contra um grupo de insubmissos que, a seu bel prazer e crenças pessoais, aniquila a imagem de um grupo de estudantes sérios da instituição, destroem o patrimônio do contribuinte, rebelam-se por uma causa inexistente, escondem seus rostos, são contra a polícia e dizem ser perseguidos politicamente.
Desde quando enquadrar três alunos fumando maconha é uma perseguição política? Quantos meninos pobres da favela já foram enquadrados por estarem fumando maconha nos becos sujos e esquecidos pelo Estado? Agora porque ninguém fez uma “revolução” para defender esses garotos pobres da favela?
As câmeras de segurança da reitoria da universidade mostraram com clareza pichações e quebra do material pago com a arrecadação dos milhões de habitantes do estado paulista, os verdadeiros donos dali. Uma manifestante disse que as câmeras foram quebradas por estado de necessidade. Mas qual é tal necessidade?
Mesmo assim, a sociedade evoluiu, o pensamento evoluiu, mas a futura elite pensadora parece que não. Ou será que estamos ficando muito caretas? É interessante notar, neste contexto, o ponto absurdo que chegamos para considerar como revolução atos de vandalismo, destruição da coisa pública, desobediência da justiça e o carregamento de coquetéis molotov em prol do fumo livre, do “baseado da paz” dentro de um local de estudo. Só resta lamentar, refletir e torcer para que nossos filhos não participem de movimentos estudantis com fins recreativos.
Glauco Marçon da Silva é acadêmico do curso do Direito da UFMS e Marçal Rogério Rizzo é economista e professor doutor da UFMS
Opinião