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Opinião

Parintins abre porteiras para cultura no festival do Boi-Bumbá

Festa atrai todos os anos mais de 70 mil turistas

 Por Rafaela Aparecida Zaneli e Jovana de Fátima Somensi *

 

O Festival de Parintins, a tradicional festa do boi-bumbá, completa 50 anos de muita cultura e diversão. A festa, que atrai todos os anos mais de 70 mil turistas, ocorre sempre no último final de semana do mês de junho e, neste ano, não decepcionou os apaixonados de Caprichoso e Garantido, que, mais do que nunca, levantaram as torcidas.

Muito se enganam as pessoas que imaginam que a única atração turística oferecida pelo estado do Amazonas são as florestas. É claro que elas são de grande importância para toda a humanidade e, sem dúvida, um dos maiores patrimônios do Brasil, porém o Festival de Parintins é outro relevante atrativo turístico que transmite a carga cultural amazonense.

São costumes, culinária típica, cânticos, danças regionais e um folclore rico em lendas que guardam muito da identidade de um povo. Esse grande patrimônio cultural do Brasil pode ser encontrado em uma ilha do rio Amazonas, a aproximadamente 370 quilômetros de Manaus: a pacata Parintins, que nesses dias deixa sua provincianidade para se tornar hospedeira de um espetáculo inesquecível.

 O relato dos visitantes do Festival do boi-bumbá – fruto da mistura de folclore indígena e da tradição junina do bumba-meu-boi do Maranhão – traduz o show em si: a festa é capaz de unir a beleza do carnaval do Rio de Janeiro com a alegria do carnaval de Salvador, mesmo não ocorrendo em período carnavalesco.   

Desde 1965, em todos os anos, o Festival de Parintins tenta manter viva a tradição da lenda de Francisco, um funcionário de fazenda, que mata o boi favorito de seu patrão para satisfazer sua esposa grávida, Catarina, que estava com desejo de comer língua de boi. A narrativa diz que o dono da fazenda, ao descobrir o que aconteceu e como vingança, manda os índios caçarem Francisco, que, desesperado, pede a ajuda de um Pajé (líder indígena) para que este consiga ressuscitar o animal.

A Festa é composta pela disputa de dois bois, Caprichoso – representado pela cor azul – e Garantido – representado pela cor vermelha –, que, em um lindo desfile com canções temáticas (as populares toadas), fantasias e adereços característicos da cultura local, duelam pelo título do festival. Durante três dias, o “bumbódromo” da cidade, com o céu acima e a torcida vibrante aos lados, transforma-se no palco do espetáculo dos bois.

 

Segundo dados do Ministério do Turismo, o festival movimenta todo ano uma média de 50 milhões de reais, aquecendo a economia de toda a região, além de praticamente dobrar a população da cidade durante o período de festas.

O número de turistas prestigiando o evento cresce a cada ano, o que demonstra o aumento de interesse pela cultura regional. Pela grandiosidade e qualidade do evento, a quantidade de visitantes deveria ser ainda maior, especialmente de brasileiros, que pouco sabem sobre a riqueza cultural que os circunda.

Muitas vezes – na maioria, por falta de conhecimento, ou até mesmo de interesse – as pessoas sentem a necessidade de conhecer novos ambientes, com costumes diferentes, e acabam viajando para outros países, sem conhecer a cultura do próprio país. A partir da informação, elas podem passar a inteirar-se melhor sobre os locais a serem visitados, o que lhes possibilitará novas viagens, novas aprendizagens e, de quebra, contribuir para o desenvolvimento do nosso país. Cabe aos meios de comunicação fazer essa ponte e atribuir ao evento o prestígio que merece.

 

* Rafaela Aparecida Zaneli: Acadêmica do curso de Administração da UFMS – Campus de Três Lagoas/MS

* Jovana de Fátima Somensi: Jornalista e Acadêmica do curso de Direito da UFAM – Manaus/AM.