* Patrícia Fernandes Pereira: Acadêmica do curso de Administração da UFMS – Campus de Três Lagoas/MS
* Izabela Leite Ribeiro Guimaraes: Professora do curso de Administração da UFMS – Campus de Três Lagoas/MS
Os partidos políticos foram criados a fim de se estabelecer uma linha de contato entre os desejos políticos da sociedade e a política em si. E, dessa forma, cada partido escolhe as diretrizes nas quais se baseia, por quais direitos irá lutar, o que quer mudar na política da sociedade atual e como vai agir. Os cidadãos, por sua vez, buscam nesses partidos a realização dos seus desejos, princípios e buscas em comum, e assim se filiam, se aliam com aqueles a que mais se assemelham, na esperança de ter seus anseios atendidos e de ver tudo mudar.
Filiados, esses cidadãos organizam-se entre si para promover mais aliados, formar candidatos fortes e assim buscar o poder. Dos mais reservados aos mais liberais, o princípio fundamental de qualquer partido político é chegar ao poder – e manter-se nele. A grande questão é que, como esse poder, depois de alcançado, ocasiona mudanças nas diretrizes de partidos políticos, seus princípios de atuação ou seus valores sofrem alterações a partir do momento em que chegar ao poder e manter-se lá é o principal foco. Então aqueles desejos de mudança ou de revolução política são trocados por alianças entre partidos totalmente contrários, simplesmente pela ânsia de se manter lá e, sobretudo, de promover aquilo que antes era base de busca de poder. Os partidos políticos, com o passar do tempo, estabelecem alianças entre si e candidatos de mudança, que agora já eleitos não fazem nada de novo, são manipulados por coalizões políticas, e quem sofre com toda essa bagunça é o povo. Ademais, chegar ao mais alto cargo político permite aos partidos o total esquecimento do que os levou a enviar uma pessoa como candidato para ser sujeito de mudança perante a sociedade.
O resultado tem sido, pelo menos no Brasil, uma total descrença da sociedade, que começa a se negar a filiar-se a partidos políticos, pois não confia mais naqueles que lançam candidatos que mais tarde serão apenas marionetes do poder político. Fantoches que apenas obedecerão aos seus respectivos partidos políticos e que já perderam a meta de mudança política, já que lançar um candidato a eleição é pôr em prática o desejo de mudança, mostrando assim insatisfação com a política atual.
A população, por seu turno, sente-se cada vez mais coagida e passa, cada vez mais, a votar em branco, ou a anular seus votos, pois não confia em nenhum candidato e em nenhum partido político, pois não há mais em quem confiar. Quem será digno de um voto? Há alguém disposto a fidelizar-se a algum partido que, na primeira “necessidade”, se unirá a seu maior rival? A população sente-se descrente e ultrajada, pois tudo muda quando se alcança o poder.