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Planejamento e organização

A escolarização da merenda já foi praticada no passado e funciona

Os Centros de Educação Infantil (CEIs) de Três Lagoas – denominação nova para as antigas creches – fecharam as portas para o atendimento às crianças de 0 a 5 anos por falta de merenda escolar. Críticas jorraram nas redes sociais e, com razão, sem ter o que fazer, diretores dessas unidades escolares dispensaram as crianças mais cedo e informaram aos pais o motivo: atraso na entrega das refeições.

A questão da merenda escolar e, como prepará-la e servi-la, vem sendo discutida há uma semana, quando a Prefeitura de Três Lagoas anunciou a escolarização das refeições, que implica na suspensão de contratação de empresa terceirizada para executar o serviço.

A escolarização da merenda já foi praticada no passado e funciona. No entanto, o que ficou claro foi a falta de planejamento por parte do Poder Executivo. A conversa com os diretores, que aconteceu na sexta-feira passada, véspera de feriado prolongado, deveria ter ocorrido no fim do ano passado, no mínimo.

A pergunta que se faz é a seguinte: onde está a empresa de consultoria contratada por mais de um bom milhão de reais para identificar e corrigir, exatamente, essas falhas de gestão? Faltou gestão por parte do município, assim como vem ocorrendo em vários outros setores da administração, no entanto, desta vez o golpe foi mais duro uma vez que atingiu crianças, alunos da Rede Municipal de Ensino, pública sim, mas paga com os impostos do contribuinte.

É sabido que as prefeituras de todo o país, e a de Três Lagoas não é diferente, tem vivido uma crise financeira não vista há muitos anos. Todos colocaram o pé no freio, inclusive os governos  federal e estadual. Logo, os repasses caíram consideravelmente. Mas também é sabido que, em vista de outras cidades, Três Lagoas não está tão mal assim, uma vez que arrecada pouco mais de R$ 100 milhões ao ano somente com o ICMS – para este ano a estimativa é de arrecadar R$ 109 milhões, somos uma das cidades que registra aumento na arrecadação de um ano para outro.

Pode até ser que esteja faltando dinheiro, mas faltou ainda mais elencar prioridades. Apenas nos Ceis, mais de 5,6 mil crianças sem aula. Além delas,  8,9 mil alunos estão no ensino fundamental do município, e vinham, até ontem, sendo atendidos com lanches e marmitex contratados em caráter de urgência pelo município.

 Vale lembrar que o início do ano letivo já havia sido adiado para depois do carnaval como forma de economizar com professores terceirizados, transporte público, etc. O atraso no ano letivo foi uma solicitação da Associação de Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul), aceita pelo governo estadual, que também já vinha adotando medidas para evitar gastos.

Ainda falando em transporte escolar, não é somente sem merenda que estão os alunos da Reme. A Prefeitura de Três Lagoas também não renovou contrato ou licitou nova empresa para assumir o serviço de transporte escolar. O resultado é que mais de mil alunos que moram na zona rural, além dos que estão matriculados em escolas dos distritos de Garcia e Arapuá estão sem aula. Nem precisa destacar que esses alunos são os que mais sofrem para conseguir uma formação, às vezes viajando quilômetros em estradas ruins para conseguir a educação formal da escola. O transporte de alunos dentro da cidade continua sendo feito pelo município.

Enquanto isso, os alunos permanecem sem aulas, atrasando ainda mais um ano letivo já apertado diante de tantos feriados previstos para 2015; os pais que tem filhos em creches continuam sem saber onde deixar as crianças para trabalhar e a população continua sem entender o que aconteceu.