É frequente a indagação sobre se as pessoas ao nosso redor ensinam ou aprendem.
Na tentativa derradeira de acreditar que o instrumento de pedagogia está com eles, pasmamo-nos com o diagnóstico de que nos cabe oferecer o exemplo ainda que não acreditemos nesta prerrogativa. Padecemos destas dúvidas existenciais.
Para alguns, a nossa hora chegou de escolher entre habitar um planeta digno ou mover-se a esferas inferiores e obscuras de evolução humana. As teses apocalípticas abraçam o momento mais oportuno de vulnerabilidade da espécie.
Foi-se o tempo em que se deixava para depois o que se podia fazer prontamente. As escolhas não merecem mais prorrogações. Não se adia mais o mérito dos que colherão paz e harmonia em detrimento dos excluídos de um planeta a ser promovido.
A cultura do medo que culmina nas sociedades modernas tecnicamente, mas atrasadas moralmente, está com os dias contados. As forças do bem sobrepujam as do mal.
Os sintomas de ações obsoletas acumulam-se.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) possui 120 mil militares no Afeganistão e Barack Obama anunciou o envio de outros 30 mil. A previsão do início de retirada de tropas é meados de 2011.
Neste ínterim, testemunham-se os dissabores na reconstrução interesseira do Haiti, as invasões descaradas dos israelenses a territórios palestinos, a intermitência de práticas terroristas (como a do metrô na Rússia), e outros desastres de uma espécie em decomposição.
Pudéssemos ouvir as fofocas dos outros animais enquanto agredimos o hábitat coletivo. Que dizem as formigas da nossa aptidão para o desastre?
A espetacularidade das "notícias" (não confundi-las com "fatos"), como a do julgamento do casal Nardoni no Brasil, lança trevas onde havia uma fresta de luz. A impressão é de que a nossa justiça funciona. Nova ilusão depois de tantos descalabros.
A justiça divina, enquanto isso, cuida, a seu modo, das denúncias de pederastia no meio católico, mas sob o manto de uma instituição hipócrita que deposita na amnésia os conservadorismos, os dogmatismos, as torturas e as opulências que tem cultivado.
Pelos trajetos ínvios da ineficiência da política federal no Brasil, tenta encontrar brecha a proposta trilionária do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que se dedicaria aos setores de energia, água, moradia e transporte.
Falta transparência para, ao menos, descobrirmos se os detentores do poder ensinam ou aprendem. Notem como a dúvida é frequente em maior parte dos contatos que temos com outrem. Ainda mais em se tratando dos caminhos opacos da política nacional.
Para que se entenda o jogo, é necessário conhecer as regras. Caso contrário, o PAC 2 seria extremamente eleitoreiro e desrespeitoso com um candidato ou candidata à presidência da República Federativa do Brasil que não seja indicado(a) por Lula.
É preferível que não houvesse intromissão militar no Afeganistão e no Iraque, que o terrorismo fosse abolido e que o sensacionalismo dos que detêm o poder de comunicar tivesse a página virada.
A humanidade sempre espera grandes expurgos.
Como ninguém é detentor de conhecimentos cabais nos planos material e moral, embora a hipocrisia lance sombra, toca-nos dar ouvidos aos prováveis professores e perseverar naquilo que fazemos melhor. Aprendemos e ensinamos sem medo de titubear.
Mais vale que demonstremos a nossa insatisfação que nos silenciemos numa covardia injustificada. Não queremos conflitos, guerras, mentiras e desgovernos. Aceitemos naturalmente a próxima etapa evolutiva da humanidade.
Sementes de bondade e compaixão germinam em pontos diversos do orbe. A geração que se avizinha traz a missão de resgatar este planeta da mesquinharia moral. Some-se à luta.
Não nos detenhamos nas diferenças e nos desajustes.
Potencializemos o objetivo comum de amar e prosperar.
Façamos o melhor pelo bem-estar de todas as espécies deste planeta.
Bruno Perón é bacharel em Relações Internacionais