Em minhas andanças nesta campanha eleitoral para o segundo turno – andanças que confio na defesa de princípios e causas mais adequadas para o destino de nosso país – tenho tido a oportunidade de ouvir declarações genuínas brotadas de pessoas simples, mas absolutamente conscientes de sua cidadania. Aliás, a evolução política do povo é patente e que está atento a tudo que ocorre no buliçoso cenário da política nacional.
O povo não é mais aquele alienado de um passado recente. Mas, voltando a vaca fria das declarações que ouvi, de uma delas manifestou-se um cidadão de forma enfática, “pau (árvore) que nasce torto não endireita jamais…” referia-se à candidata Dilma. Quis eu melhor saber o porquê da afirmação, ao que ele prosseguiu com a simplicidade característica de quem não é versado em letras, suas palavras brotaram com aquela sinceridade cabocla: “olha o jeitão dela, a maneira superior e distante com que se dirige aos demais; no caso do aborto, enrola querendo esconder seu verdadeiro pensamento, daí eu acho que ela é favorável à descriminalização. Ela diz que é Lula e PT. Para mim, ela tem cheiro de ser ela mesma…” Se pessoa do povão assim pensa, algo cheira mal para as pretensões do Luiz Inácio, nas cocheiras palacianas, nos nichos da petezada, nos bastidores climatizados do pemedebismo, e nas rodas etilizadas do sindicalismo pelego.
Foi bom que a senadora Marina Silva tenha levantado a onda verde em favor do segundo turno. Agora mano a mano entre Serra e Dilma será possível conhecer a verdadeira face dos dois, a cristalinidade de seus propósitos políticos, a versão ideológica, a concepção firme – ou tortuosa – sobre as questões publicamente aforadas e consideradas preocupantes para a expressiva maioria do povo brasileiro. Delas a que mais ressalta é, sem dúvida, a momentosa do aborto, sua liberação ou não, portanto o conceito da vida desde de seu nascedouro. Outras também relevantes, como das reformas políticas e eleitorais, tributárias, das diretrizes da educação, da saúde e da segurança públicas, não podendo olvidar-se de como entendem a liberdade de pensamento e de expressão pela imprensa escrita e os meios mais modernos de comunicação de massa.
No embate, em qualquer tribuna, Serra possui idéias mais lúcidas, lídimas e enfáticas, pois seu passado está repleto de motivos que enaltecem a sua personalidade de homem público. Já a sua adversária, pelo que está divulgado, e por aquilo que não deixaram divulgar, pouco tem a oferecer em sua curtíssima carreira no setor público.
Ademais, em um debate aberto e sem as peias de suas assessorias, como ocorreu no recente realizado pela TV Bandeirantes – a boca pequena se fala que a candidata Dilma utiliza de um “ponto” em um dos seus ouvidos que lhe cochicha à distância as respostas convenientes, sei não! – onde todas as questões fundamentais são levantadas, algumas indigestas sobre o seu currículo, tais como aquelas dos recentes escândalos protagonizados pela “famiglia Erenice Guerra”, sua fiel escudeira desde os tempos em que ocupara a Casa Civil.
Valeu, pois, o segundo turno, obra e graça da valorosa acreana Marina Silva e sobretudo de milhões de brasileiras e brasileiros para que no próximo plebiscito do dia 31 de outubro, dos dois candidatos se levem em conta a personalidade política, intelectual, serviços à causa pública, chegando mesmo até as convicções quanto ao conceito de família e a firme crença nos valores republicanos e da cristandade.
Isto, exposto ao povo, ganhará o Brasil.
Ruben Figueiró de Oliveira foi deputado estadual, federal, constituinte em 88, secretário de estado e conselheiro do TC-MS