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Reencontro com Filinto Muller

Nestes dias e noites de profunda meditação, todos os amigos do grande brasileiro Filinto Muller, têm tido oportunidade de reencontrá-lo; são 36 anos de sentida ausência, mas que nos conforta pelos seus exemplos e ensinamentos, gravados na memória de milhões de brasileiros.
Sua maneira de ser e tratar as pessoas, contribuir e somar; presença terrena marcando a vida de todos; exemplo de ideais sublimes na juventude soube ganhar a confiança de seus companheiros na gloriosa ação conhecida como “revolta dos Tenentes”, em 1922; em 1924 continuou sua trajetória se ombreando com idealistas como Juarez Távora, Estilac Leal, Riograndino Kruel, Eduardo Gomes, Izidoro Dias Lopes; lutas e exercícios de guerra, movimento revolucionário até seu desligamento voluntário em abril de 1925; exilado na Argentina ao lado de outros companheiros, teve a oportunidade de encontrar com sua querida Consuelo, esposa dedicada e mãe de suas duas filhas.
Retorno ao Brasil, sendo preso por dois anos e depois anistiado em 1930, vai servir ao país em dezenas de cargos, os mais importantes da república; primeiro como nomeado ou designado pelo Presidente Getúlio Vargas; ao depois como Senador da República pelo voto soberano do povo mato-grossense, aonde por quase 30 anos, em 4 mandatos, representou o Estado de MT/MS no Senado Federal. Marca de uma época, exemplo que ficou para todos os mato-grossenses que foram testemunhas de uma ação humana e dedicada ao serviço público; ação que hoje faz tanta falta, aonde nossa juventude se ressente da ausência de lideranças que lhes transmita segurança e honestidade.
Mas o que precisa ser colocado por todos os seus amigos é a santa indignação por publicações vinda à tona na esteira de relembrar episódios do período do governo Vargas; época conturbada das pregações ideológicas, aonde a ação enérgica do governo travou uma guerra pública, para serenar os ânimos entre “comunistas” e “integralistas”, e foi vitoriosa a democracia que hoje respiramos. Vivenciar alguns fatos de forma tendenciosa não faz bem à verdade e macula um testemunho sobre fatos e pessoas que não têm mais a oportunidade de se defender; entristece-nos pelas grosseiras mentiras e que assacam a dignidade, quando fabricadas pelas mentes de pessoas totalmente distantes dos fatos; criações de meias verdades, talvez para encobrir suas verdadeiras intenções.
No caso de Filinto Muller, agora lembrado no filme “Olga”, a comunista e judia alemã expulsa do Brasil por ato do então presidente Getúlio Vargas; motivo de processo do Ministério da Justiça, e concedido por decisão do Supremo Tribunal Federal, paira como se fosse uma ação isolada de nosso grande mato-grossense; oportunidade que têm para desaguar todo o seu ódio e veneno em direção à pessoa errada.
Por esse motivo me vejo na obrigação de vir a público restabelecer uma discução no nível que ele, Filinto Muller, sempre nos ensinou: “a busca da verdade não seja para macular a imagem de ninguém, mas tão somente a grandeza dos exemplos que possam servir às novas gerações”.
Oportunidades teremos para voltar com este assunto, com o coração aberto e a mente limpa de possíveis intenções que não enobreça a história dos envolvidos; com a clareza de restabelecer a verdade… Principio sagrado do direto que nós temos, resultado de nosso profundo conhecimento desses fatos. Razão do nosso inconformismo e que seja entendido como resposta e registro de milhares de seus amigos que gostariam também de fazê-lo; alcance de um lugar para reencontrar com esses sentimentos e extravasá-lo, porque serenos e verdadeiros.

Armando Anache ex-prefeito de Corumbá e ex-Deputado Estadual-MS